terça-feira, 6 de abril de 2010

reflexo

Estendo a mão. E a mão à minha frente estende-se para mim.
Quem é esta pessoa no espelho?
Que pessoa vêem as pessoas que olham para mim?
Porque eu, quando me vejo, não tenho a certeza se esta pessoa sou eu.
Que imagem têm as pessoas, desta pessoa que eu sou?
Que ideia fazem de mim?
Que valores acham que tenho?
Que certezas, que dúvidas, que medos, que angústias, que amores pensam que sinto?
E quando olho para esta pessoa que agora olha para mim, não sei se a conheço.
Olho-a e recuo. Sou eu.
Sou eu quem me olha e não reconhece o que vê.
O que importa o que pensam os outros quando me vêem?
O que importa se não me reconhecem?
Dos dias cinzentos aos mais luminosos, é a mim que corta o vento gelado,
É a mim que queima a água a ferver,
sou eu quem grita em silêncio
e sussurra baixinho o que vai dentro de mim.
Que esta pessoa no espelho sou eu.
E sou eu quem a vê. Mesmo quando não olha.

2 comentários:

  1. BRUTAL, está muito,muito bom, és mesmo especial...Bjs apaixonados.

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  2. Gostei e muito! É um texto com o qual me identifico neste momento da minha vida! (Lá estou eu com as minhas lamechices...:-)).
    Não só não me reconheço totalmente quando me olho no espelho como tb me estou simplesmente a "barimbar" para o que os outros pensam de mim! Acho sinceramente que todos deviamos deixar cair as nossas mascaras nem que fosse por um dia e sermos apenas "NÓS"! Com todos os nossos defeitos e virtudes! Oferecer aos outros apenas o "EU"!
    Não sei se foi com este sentimento com que o escreveste mas a beleza da Escrita, da Música, das Artes em geral reside nisto mesmo... Cada um é livre de a interpretar à sua maneira! :-)

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