sexta-feira, 30 de julho de 2010

carpe diem

Não se fala de outra coisa. E eu também não consigo não falar.

Há pessoas que, sem nunca termos conhecido pessoalmente, fazem parte da nossa vida.
Há pessoas de um talento desmesurado, cujo desaparecimento nos torna mais pobres e nos deixa mais tristes.
Há pessoas de uma nobreza extrema, que são exemplos de coragem e esperança.
Há pessoas que, de tão grandes que são, nos ensinam que o que interessa, é o que somos enquanto estamos.

Mas eu, que não tenho essa nobreza, nem essa coragem, nem essa grandeza,
não consigo deixar de pensar que a puta da vida é mesmo injusta!

Que o outro lado dê em dobro ao António Feio, os bons momentos que ele nos deu a nós!

quinta-feira, 29 de julho de 2010

duas mãos

ela: Mãe, posso levar estes dois brinquedos para a escola?

eu: Podes, mas não será muita coisa? Como é que vais conseguir levar tudo?

ela: Oh Mãe... eu tenho duas mãos.... e são duas coisas....!!!


Pois....

quarta-feira, 28 de julho de 2010

mudanças

Há mudanças por aqui.
E com as mudanças vem sempre aquele friozinho na barriga de quem não sabe bem como será o dia de amanhã.
Vêm as apreensões. As suposições. As especulações.
As mudanças, ainda que não sejam directamente connosco, mexem connosco.
Transformam o mundo que conhecemos num mundo diferente.
Tiram as peças do lugar.
Alteram a ordem das coisas.
Há pessoas que adoram mudanças. Cujo olhar fica iluminado perante tudo o que é novo e diferente.
Eu gostava de ser uma pessoa assim. Mas não sou. Tenho uma enorme dificuldade em adaptar-me quando as coisas mudam. Demoro muito tempo até reequilibar o meu sistema emocional sempre que algo de diferente acontece e se torna definitivo.
Apesar da apreensão natural que causam inicialmente, as mudanças representam evolução, desenvolvimento, progresso. E de tudo isso se faz a História da humanidade. E se faz também a história de cada um de nós.

"Não há progresso sem mudança. E, quem não consegue mudar a si mesmo, acaba não mudando coisa alguma."
George Bernard Shaw

segunda-feira, 26 de julho de 2010

várias polaroids

Hoje de manhã, quando falávamos sobre a volta à escola e ao trabalho, ela pergunta-me:

- Oh Mãe, onde é que vocês dormem?

Tive que lhe explicar que no trabalho não é como na escola, não se dorme.

(O que não lhe disse é que há quem apenas pareça estar acordado....)

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Ontem que ela queria colo, disse-lhe que estava tão grande, tão grande, que qualquer dia já não cabia no meu colo.Ela ficou surpreendida:

eu: como eu, já não caibo no colo da Avó!

ela: e tens saudades?!

Tenho. Tantas tantas...

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eu: então e tu, o que queres ser quando fores crescida?

ela: médica, bombeira e cabeleireira!

eu: tanta coisa? e vais ter tempo para isso tudo?

ela: sim. vou fazendo uma coisa de cada vez.

Pois. Eu esqueço-me que nós adultos é que complicamos e queremos fazer tudo ao mesmo tempo.

ai, ai!!!

Se eu descubro

quem me apanhou de férias

e aproveitou para ir ao meu armário

encolher a minha roupa toda...

...nem sei o que lhe faço!!!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

voltar a casa

Não me apetece voltar a casa.

Não me apetece deixar de tomar o pequeno-almoço de manhã enquanto vejo, ao fundo, as vacas a pastar.

Não me apetece deixar de sentir este cheiro, esta brisa, esta calma.

Não me apetece deixar de olhar pela janela e ver o limoeiro.

Não me apetece passar a usar relógio outra vez. Estar presa 8 horas por dia outra vez.

Não me apetece ter horas para dormir, para comer.

Não me apetece deixar de sentir o Sol na pele. Deixar de entrar na água e mergulhar onde o silêncio impera.

Não me apetece deixar de ter tempo para estar com quem eu amo todo o tempo.

Normalmente tenho saudades de casa e quero voltar. Mas desta vez não. Há algo que estranhamente me diz que ficava aqui melhor. Só mais uns dias.

Amanhã será dia de voltar a casa. Mas eu não quero sair daqui. Eu pertenço aqui.

Eu pertenço a estes fins de tarde que tornam o tempo irrelevante.

Eu pertenço ao pôr-do- Sol. Aos finais de dia na praia quando já quase todos foram embora. Quando o Sol já não queima e apenas aquece. Quando a brisa fresca nos diz que, muito em breve, o dia acaba.

Sei que amanhã, quando voltar a casa, vou gostar de voltar. De reencontrar o meu canto, as minhas coisas, o meu mundo.

Mas hoje, que penso nisso, não me apetece. Não me apetece mesmo nada.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

instantes decisivos

O caminho de volta a casa trouxe-me à memória o Verão dos meus 20 anos.
Não sei se é por fazer anos no Verão, se pelo facto de serem os Verões os marcos da nossa infância e juventude, que o Verão tem sempre em mim um sabor especial.
Custou-me, estranhamente e como em nenhum outro ano, a viragem da idade. O deixar de ser teenager para entrar na casa dos 20.
Não o sabia na altura – mas sei-o hoje- que nessa viragem se decidiu a minha vida.
Naquele verão, em que vivi intensamente o que se deve viver com 20 anos, a vida apresentou-me dois caminhos.  E eu, sem nenhuma noção de que aquele seria o ponto decisivo, optei pelo caminho que me trouxe, entre planícies e montanhas, entre curvas e contra-curvas, entre cruzamentos e encruzilhadas, até onde estou hoje.
Foram dias e semanas de diversão. De risos e gargalhadas. De amizades perdidas pelo correr dos anos.
Foram meses de folia e passeios e paródias feitos da ingenuidade - quase a deixar de o ser - dos 20 anos.
Naquele Verão, em que os dias não tinham fim porque os relógios tinham avançado duas horas em vez de uma, as noites começavam mais tarde e nunca acabavam cedo. Foi um Verão em grande, como eram os dias.
Hoje, passados 16 anos desde esse Verão, lembrei-me de como a vida é feita desses “instantes decisivos”. Nunca, ou quase nunca, nos apercebemos de que há momentos em que temos a opção de escolher entre dois caminhos. E que a nossa escolha inconsciente nos vai guiar por um destino totalmente diferente daquele que teríamos se optássemos de forma diferente.
De escolhas se faz a nossa vida. Que sejam sempre as melhores.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

tão perto de nós

Na Zambujeira do Mar não há nenhum agente da Santa Casa. Significa isso que não há nenhum sítio para ”pôr o Euromilhões”. É preciso ir a São Teotónio, uma terra que fica a cerca de 15 km.
São Teotónio é uma vila pequena, que tem como auge do seu desenvolvimento a existência de um Intermarché. Do que me lembro, pouco mais mudou nos últimos 20 anos. Mas em São Teotónio há um agente da Santa Casa. E pensariam vocês que seria uma papelaria como estamos habituados. Não é. O agente da Santa Casa onde depositamos a esperança de enriquecer é um alfaiate. Ou algo semelhante. É uma loja onde se vendem camisas de flanela aos quadrados por 5€.Onde se podem fazer chapéus por medida, onde há peças de fazenda inteiras para fazer fatos (um dia, quem sabe!). O agente da Santa Casa não vende revistas, nem jornais, nem tabaco, nem postais. É uma loja de um senhor velhinho, que percebeu que, se calhar, talvez fosse melhor apostar na sorte dos outros, porque a procura por camisas de flanela e fatos por medida tinha os dias contados.
Em São Teotónio, há também uma loja à antiga, onde podemos comprar lençóis, toalhas, artigos de criança e “langerie”. Pelo menos é o que diz do lado de fora. Sinceramente, nunca tentei perceber que tipo de de artigos seriam esses de “langerie”, há imaginários que preferimos não desfazer.
A Zambujeira do Mar, que toda a gente conhece e que tantos gostam, tem pouco mais de nada. Tem um mercado com uma senhora simpática que vende peixe e que põe em sentido o marido e os filhos e que comanda as operações, e tem uma senhora não tão simpática , que vende tomate com sabor a tomate. Tem esplanadas e caracóis e amêijoas ao fim da tarde. Tem uma vista deslumbrante sobre um mar imenso. Tem um café que também vende jornais e revistas. Tem lojas que vendem brincos, pulseiras, colares, bóias, braçadeiras, biquinis e postais. Tem um parque infantil. Tem uma capela. E em Agosto tem o Festival Sudoeste e uma feira.
A Zambujeira do Mar tem espaço para se estar. Tem tempo para se ser. Tem cheiro de paz. Tem a praia à nossa espera.
Aqui, tão longe de (quase) tudo, sentimo-nos tão perto de nós.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

acabaram as obras

Agora sim. Este espaço está catita.

No cabeçalho, tudo aquilo que me move: 3 cadeiras, uma para cada um de nós, porque só isso dá sentido à vida, e a praia num dia cheio de Sol que nos renova as energias; a escrita, aquela parte de mim onde sou mais eu, a música que me enche de vida, e os livros, que me ensinam, me fazem viajar, me embalam as horas. E ao centro, o que as palavras não podem dizer, porque de tão grandes há sentimentos que não precisam de palavras. Para lá da janela há uma vida inteira. Um livro em branco que será escrito todos os dias. Um bocadinho de cada vez.

São assim as viagens. Vamos passando e retendo tudo o que vimos. Vamos aprendendo com o que ficou. Sempre com os olhos postos no que ainda há-de vir. É bom recordar o que foi, mas é ainda melhor olhar em frente e confiar no que será.

As viagens só fazem sentido se tivermos um porto de abrigo onde regressar. Um lugar para nos acolher quando o cansaço falar mais alto. Onde retemperamos forças para seguir em frente. Onde sabemos que, quando tudo o resto falhar, ali estaremos seguros.

As palavras - como as conversas - são como as cerejas.

Agora sim. Este espaço está catita, não está?

segunda-feira, 12 de julho de 2010

elixir da juventude

Sou a primeira a acordar, quando o corpo diz que já chega.
Carregar o carro com as malas que tanto me custam a fazer, porque não gosto de deixar para trás aquilo que é meu.
Seguir viagem. Entrar no carro para rumar ao destino que me enche a alma.
Passar a ponte. Que é quase sempre sinónimo de descanso e de sabor a sal durante dias.
A saída da auto-estrada, que nos leva à rotunda gigante em direcção a Sines. E a via rápida que nos diz que já não falta tudo.
“Já estamos a chegar?”. “Ainda não. Ainda falta um bocadinho. Devias ir para o Algarve em 1980 para ver o que era estar quase a chegar!”. Aquelas viagens que duravam um dia, só para chegar a Armação de Pêra. Tomar o pequeno-almoço de madrugada. Seguir caminho, passar a Serra. Chegar ao Algarve já ao final da tarde.
Seguir pela costa. Junto às praias. Aquele mar com uma cor que não existe igual em nenhuma outra parte do País. Aquela cor que me enche as medidas.
Passamos Porto Covo. Só mais um bocadinho até Vila Nova de Milfontes. Passamos a entrada. E a ponte logo a seguir. e aquela vista que me faz desde logo ganhar anos de vida. De um lado e de outro. As duas margens. A Vila ao fundo.
E seguimos. E a estrada fica mais estreita. E as árvores juntam-se em cima de nós. A melhor estrada do mundo. Onde desfilamos como se desfilássemos no tapete vermelho. E aqui, só aqui já ganhei anos de vida.
E chegamos. Chegamos à casa que não é nossa mas é como se fosse. À casa que não tem segredos. E que parece ainda melhor do que nos lembrávamos. Mais nossa. Mais acolhedora. Mais bonita.
E o cheiro. O cheiro dos dias que não têm hora nem tempo. O cheiro, que não é o cheiro da cidade, mas o cheiro do campo e da praia e dos dias que correm devagar.
Cantam as cigarras. Conversam os sapos. Relincham os cavalos para nos dizer que os dias que se seguem são nossos e de mais ninguém. Que as horas, os compromissos, o stress ficaram para trás. Que hoje e nos próximos quinze dias a vida é nossa. E a calma de quem pode viver sem pressas. E de quem pode aproveitar o mundo.
E o cheiro. Imenso. Que nos protege. Num mar de estrelas que nos cobre a existência.
E a rede. que baloiça devagar, ao sabor da brisa.
E a vela, que dança uma melodia no silêncio da noite.
E o fumo do cigarro que se desvanece no breu da noite.
E eu. Aqui. Onde o tempo se perde. Onde a idade que tenho parece não importar. Onde as marcas do corpo se confundem com a certeza de que tudo faz sentido. Desde que seja aqui.
Há lugares onde sabemos pertencer. Lugares onde somos nós por inteiro. Este é o meu lugar.

sábado, 10 de julho de 2010

boas férias

quinta-feira, 8 de julho de 2010

em obras

Vou fazer umas obras por aqui.

Não prometo ser breve, mas vou tentar!