Na Zambujeira do Mar não há nenhum agente da Santa Casa. Significa isso que não há nenhum sítio para ”pôr o Euromilhões”. É preciso ir a São Teotónio, uma terra que fica a cerca de 15 km.
São Teotónio é uma vila pequena, que tem como auge do seu desenvolvimento a existência de um Intermarché. Do que me lembro, pouco mais mudou nos últimos 20 anos. Mas em São Teotónio há um agente da Santa Casa. E pensariam vocês que seria uma papelaria como estamos habituados. Não é. O agente da Santa Casa onde depositamos a esperança de enriquecer é um alfaiate. Ou algo semelhante. É uma loja onde se vendem camisas de flanela aos quadrados por 5€.Onde se podem fazer chapéus por medida, onde há peças de fazenda inteiras para fazer fatos (um dia, quem sabe!). O agente da Santa Casa não vende revistas, nem jornais, nem tabaco, nem postais. É uma loja de um senhor velhinho, que percebeu que, se calhar, talvez fosse melhor apostar na sorte dos outros, porque a procura por camisas de flanela e fatos por medida tinha os dias contados.
Em São Teotónio, há também uma loja à antiga, onde podemos comprar lençóis, toalhas, artigos de criança e “langerie”. Pelo menos é o que diz do lado de fora. Sinceramente, nunca tentei perceber que tipo de de artigos seriam esses de “langerie”, há imaginários que preferimos não desfazer.
A Zambujeira do Mar, que toda a gente conhece e que tantos gostam, tem pouco mais de nada. Tem um mercado com uma senhora simpática que vende peixe e que põe em sentido o marido e os filhos e que comanda as operações, e tem uma senhora não tão simpática , que vende tomate com sabor a tomate. Tem esplanadas e caracóis e amêijoas ao fim da tarde. Tem uma vista deslumbrante sobre um mar imenso. Tem um café que também vende jornais e revistas. Tem lojas que vendem brincos, pulseiras, colares, bóias, braçadeiras, biquinis e postais. Tem um parque infantil. Tem uma capela. E em Agosto tem o Festival Sudoeste e uma feira.
A Zambujeira do Mar tem espaço para se estar. Tem tempo para se ser. Tem cheiro de paz. Tem a praia à nossa espera.
Aqui, tão longe de (quase) tudo, sentimo-nos tão perto de nós.
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