sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

mãe, apenas isso

Não terei sempre razão. Não penses que sim porque não é verdade.

Vou ter tendência para acreditar que eu é que estou certa, porque sou mais velha e porque já vivi mais. Mas não é necessariamente assim. É verdade que a experiência nos ensina e que, nesse sentido, estarei sempre um (muitos!) passo à frente. Mas o que vivi foi sempre diferente e, por isso, terás também uma palavra a dizer, uma razão que não é a minha e que poderá ser igualmente válida.

Não quero que cresças a fazer o que achas que os outros querem que faças. Cometi esse erro e só eu sei o que isso me custou. O que perdi com isso. O que guardei só para mim. O que tive (tenho) que sentir para ultrapassar esse auto-aprisionamento. Acreditas se te disser que só agora estou a aprender a fazê-lo?

Quero que expresses sempre o que gostarias que fosse. Que digas o que realmente sentes. Eu direi o que sinto e penso. E partiremos daí para encontrar o caminho.

Muitas vezes terei que ser implacável. E outras tantas serei injusta. Mas nunca deliberadamente. Farei sempre o que acreditar seriamente que será o melhor. E nem sempre terei razão.

Sim, quero proteger-te de todos os males e quero evitar que te aproximes de todos os perigos. Todas as Mães o querem.

Mas quero ser mais que isso. Quero dar-te a autonomia que precisas para não precisares de mim. Porque só assim me irás procurar com vontade de me ouvir e não com receio do que terei para dizer.

Tenho, eu própria, que ganhar coragem para fazer como os pássaros e atirar-te do ninho para aprenderes a voar. Assim farei sempre que a oportunidade surgir. Como agora.

Vai. Quero que vás e vivas e sejas feliz e te sintas segura na tua pele.

Eu estarei aqui. Irei aparecer quando menos esperares mas quando mais precisares. E, se em alguma altura não aparecer, desculpa. Não foi de propósito. Apenas não tive a capacidade para ler todos os sinais. Afinal, sou apenas tua Mãe. E isso por vezes,é muito limitador.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

para além de mim

Parece que foi ontem. E foi. Num ontem há cinco anos.
E ao mesmo tempo parece que foi sempre assim. Que estiveste sempre cá.

Às vezes não me lembro bem de como era antes.
De como preenchia as minhas horas e como compunha os meus dias.

Às vezes praguejo por falta de tempo para mim. Por falta de liberdade de movimentos. Daqueles movimentos decididos no momento. E depois fico sem saber o que fazer aos minutos em que não te tenho por perto.

Não consigo muito bem descrever os sentimentos.
Acho que devia dizer coisas como foi o dia mais feliz da minha vida, amei-te no segundo em te vi, chorei de alegria.

A verdade é que quando te vi já te conhecia. Quanto te toquei foi como se já te tivesse sentido. Conhecia-te a respiração e os gemidos como se sempre os tivesse ouvido.
Senti que voltaste, não que chegaste.

Estranho, eu sei. Mas é essa a verdade.

Se calhar somos todas assim. Sentimos antes de vocês sentirem. Sabemos antes de vocês saberem.
Ou pelo menos acreditamos que é assim.

Tinhas um plano para os teus cinco anos. Eu sei. Não correu bem. Correrá no dia em que estiveres pronta. Será sempre assim. Estarei ao teu lado. Sempre. Incondicionalmente.

Podia dizer que te amo, mas o que sinto não cabe numa palavra. Nem num milhão de palavras. E por isso digo-te muitas vezes, para que na soma dos dias se perceba a dimensão.

Se um dia eu tivesse sonhado uma filha, ela não seria metade da doçura que tu és, não me teria dado metade da maturidade, da tolerância, do optimismo e da esperança que me dás.

Talvez um dia venhas a perceber esta forma de amar. Amar só porque sim. Amar com o corpo, com a alma, com o coração e ainda assim não ter espaço suficiente para amar tanto.

Parabéns filha! Que as tuas gargalhadas ecoem para lá do tempo.