segunda-feira, 21 de outubro de 2013

do início da escrita

Há pouco vieram-me à memória duas coisas que escrevi quando era miúda.

Uma delas  escrevi ainda não tinha 10 anos - num papelinho verde que deve andar no fundo do baú e que ainda hei-de encontrar - e dizia assim:

"Estive a pensar
Qual será a razão de ser
Do meu viver.

Porque toda a gente, se existe,
é por ter uma razão.
É um objectivo que cada um, vivendo,
terá de alcançar.
O meu, ainda não consegui encontrar.
Porque o meu passo é lento
e o meu viver ainda é longo.

Tenho tempo de tentar lá chegar."

A outra escrevi mais tarde - talvez com 13 anos- numa dedicatória a uma amiga:

"Sê tu própria, acredita em ti. Ama-te como tu mesma és. E depois então vai à luta. Luta com unhas e dentes. E não desistas, nunca, até conseguires o que realmente desejas!"

Veio-me isto à memória. E continua tudo a fazer sentido...

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

discurso nadinha pedagógico

Eu não queria. Acreditem que não queria ter sido assim, tão fria, tão calculista, tão pouco pedagógica. Mas não podia dizer outra coisa. Não podia mesmo.

"Mãe, ontem um menino deu-me um pontapé". E eu perguntei porquê. A resposta foi qualquer coisa sobre ela estar a brincar com um menino e uma menina e terem vindo uns tentar estragar a brincadeira, e um deles ter-lhe dado um pontapé. Perguntei-lhe o que tinha feito. Disse que foi dizer a uma auxiliar, que a mandou pôr água na perna...

E o que é que eu devia ter dito? Que devia falar com o menino, que lhe devia explicar que aquilo não se faz, blá blá blá, whiskas saquetas....

Mas não foi o que eu disse. Tive de lhe dizer que não se pode ficar. Que quando alguém nos bate não nos podemos ficar. Que temos de nos defender e responder. Que se for preciso temos de dar na mesma medida em que nos deram. Que a violência deve ser sempre evitada, que não é resposta nem solução para nada, mas que não podemos deixar que nos façam mal.

Expliquei-lhe que muitas das pessoas que recorrem à violência são intelectualmente mais fracas (e ainda bem, caso contrário tornam-se muito perigosas! isto eu não disse) e quase sempre muito cobardes. Que provavelmente esse menino estava com ciúmes e também queria brincar, mas preferiu estragar-lhes a brincadeira a ter a humildade de perguntar se se podia juntar.

Disse-lhe que há pessoas que são más. Que nascem más. Que o mundo de amizade que ela conhece é muito restrito e que vai encontrar pessoas más ao longo da vida. Que a inteligência está em sabermos afastar-nos delas.

Ela disse que as meninas não eram tão más. E com toda a minha frieza - e é necessária muito para desenganar assim uma criança - tive de lhe dizer que as meninas podem ser ainda piores do que os rapazes. Que eles são mais físicos, resolvem tudo com um pontapé. Que elas são "manhosas", na generalidade intelectualmente mais fortes, e que é preciso estar muito atenta para perceber quem são mesmo as nossas amigas.

Também me disse que uns meninos tinham gozado com ela já não sei porquê. E eu perguntei o que é que ela tinha respondido. E ela, de sobrolho levantado e com ar de desdém respondeu: Ignorei!

That's my girl!

terça-feira, 8 de outubro de 2013

sonhos 7#

Estou na janela da cozinha com o Miguel. Por trás dos prédios e dos montes que habitualmente vemos, há edifícios em estilo árabe, de cúpulas redondas e cheios de cores, e um pouco desproporcionais em termos de tamanho (pareciam kalkitos colocados fora do contexto, não que no sonho me tivessem causado estranheza).

De repente, esses edifícios/monumentos começam a cair. Não a ruir verticalmente, mas a cair para o lado, como que a desmaiar. Fico assustada e digo ao Miguel: vamos para o pé da Daniela (que entretanto estaria na sala), não a vamos deixar sozinha! Antes que isso acontecesse, os edifícos que começaram a cair, começam de novo a erguer-se, como estivessem caídos de lado e alguém lhes pegasse na ponta e os levantasse para ficarem de novo em pé.

E no céu surge um homem (que sei no sonho que era um actor conhecido, mas que acordada não consigo visualizar a cara), o responsável pelo re-erguer dos tais edifícios. O homem está com as pernas cruzadas e na mão tem um conjunto de muitos balões roxos que o fazem voar. É, tal como os edifícios árabes, desproporcionalmente grande. E desce. Até ficar a pairar no nosso terraço, mesmo em frente a nós. Acho que nos falámos, mas não sei o que dissemos. Tenho uma sensação de simpatia em relação a ele e não de medo.

Acho que para lá dos montes que vejo da minha casa, há um mundo encantado...