Não me apetece voltar a casa.
Não me apetece deixar de tomar o pequeno-almoço de manhã enquanto vejo, ao fundo, as vacas a pastar.
Não me apetece deixar de sentir este cheiro, esta brisa, esta calma.
Não me apetece deixar de olhar pela janela e ver o limoeiro.
Não me apetece passar a usar relógio outra vez. Estar presa 8 horas por dia outra vez.
Não me apetece ter horas para dormir, para comer.
Não me apetece deixar de sentir o Sol na pele. Deixar de entrar na água e mergulhar onde o silêncio impera.
Não me apetece deixar de ter tempo para estar com quem eu amo todo o tempo.
Normalmente tenho saudades de casa e quero voltar. Mas desta vez não. Há algo que estranhamente me diz que ficava aqui melhor. Só mais uns dias.
Amanhã será dia de voltar a casa. Mas eu não quero sair daqui. Eu pertenço aqui.
Eu pertenço a estes fins de tarde que tornam o tempo irrelevante.
Eu pertenço ao pôr-do- Sol. Aos finais de dia na praia quando já quase todos foram embora. Quando o Sol já não queima e apenas aquece. Quando a brisa fresca nos diz que, muito em breve, o dia acaba.
Sei que amanhã, quando voltar a casa, vou gostar de voltar. De reencontrar o meu canto, as minhas coisas, o meu mundo.
Mas hoje, que penso nisso, não me apetece. Não me apetece mesmo nada.
Como tudo isto é tão verdade quando se está no Alentejo!
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