Há pouco vieram-me à memória duas coisas que escrevi quando era miúda.
Uma delas escrevi ainda não tinha 10 anos - num papelinho verde que deve andar no fundo do baú e que ainda hei-de encontrar - e dizia assim:
"Estive a pensar
Qual será a razão de ser
Do meu viver.
Porque toda a gente, se existe,
é por ter uma razão.
É um objectivo que cada um, vivendo,
terá de alcançar.
O meu, ainda não consegui encontrar.
Porque o meu passo é lento
e o meu viver ainda é longo.
Tenho tempo de tentar lá chegar."
A outra escrevi mais tarde - talvez com 13 anos- numa dedicatória a uma amiga:
"Sê tu própria, acredita em ti. Ama-te como tu mesma és. E depois então vai à luta. Luta com unhas e dentes. E não desistas, nunca, até conseguires o que realmente desejas!"
Veio-me isto à memória. E continua tudo a fazer sentido...
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
discurso nadinha pedagógico
Eu não queria. Acreditem que não queria ter sido assim, tão fria, tão calculista, tão pouco pedagógica. Mas não podia dizer outra coisa. Não podia mesmo.
"Mãe, ontem um menino deu-me um pontapé". E eu perguntei porquê. A resposta foi qualquer coisa sobre ela estar a brincar com um menino e uma menina e terem vindo uns tentar estragar a brincadeira, e um deles ter-lhe dado um pontapé. Perguntei-lhe o que tinha feito. Disse que foi dizer a uma auxiliar, que a mandou pôr água na perna...
E o que é que eu devia ter dito? Que devia falar com o menino, que lhe devia explicar que aquilo não se faz, blá blá blá, whiskas saquetas....
Mas não foi o que eu disse. Tive de lhe dizer que não se pode ficar. Que quando alguém nos bate não nos podemos ficar. Que temos de nos defender e responder. Que se for preciso temos de dar na mesma medida em que nos deram. Que a violência deve ser sempre evitada, que não é resposta nem solução para nada, mas que não podemos deixar que nos façam mal.
Expliquei-lhe que muitas das pessoas que recorrem à violência são intelectualmente mais fracas (e ainda bem, caso contrário tornam-se muito perigosas! isto eu não disse) e quase sempre muito cobardes. Que provavelmente esse menino estava com ciúmes e também queria brincar, mas preferiu estragar-lhes a brincadeira a ter a humildade de perguntar se se podia juntar.
Disse-lhe que há pessoas que são más. Que nascem más. Que o mundo de amizade que ela conhece é muito restrito e que vai encontrar pessoas más ao longo da vida. Que a inteligência está em sabermos afastar-nos delas.
Ela disse que as meninas não eram tão más. E com toda a minha frieza - e é necessária muito para desenganar assim uma criança - tive de lhe dizer que as meninas podem ser ainda piores do que os rapazes. Que eles são mais físicos, resolvem tudo com um pontapé. Que elas são "manhosas", na generalidade intelectualmente mais fortes, e que é preciso estar muito atenta para perceber quem são mesmo as nossas amigas.
Também me disse que uns meninos tinham gozado com ela já não sei porquê. E eu perguntei o que é que ela tinha respondido. E ela, de sobrolho levantado e com ar de desdém respondeu: Ignorei!
That's my girl!
"Mãe, ontem um menino deu-me um pontapé". E eu perguntei porquê. A resposta foi qualquer coisa sobre ela estar a brincar com um menino e uma menina e terem vindo uns tentar estragar a brincadeira, e um deles ter-lhe dado um pontapé. Perguntei-lhe o que tinha feito. Disse que foi dizer a uma auxiliar, que a mandou pôr água na perna...
E o que é que eu devia ter dito? Que devia falar com o menino, que lhe devia explicar que aquilo não se faz, blá blá blá, whiskas saquetas....
Mas não foi o que eu disse. Tive de lhe dizer que não se pode ficar. Que quando alguém nos bate não nos podemos ficar. Que temos de nos defender e responder. Que se for preciso temos de dar na mesma medida em que nos deram. Que a violência deve ser sempre evitada, que não é resposta nem solução para nada, mas que não podemos deixar que nos façam mal.
Expliquei-lhe que muitas das pessoas que recorrem à violência são intelectualmente mais fracas (e ainda bem, caso contrário tornam-se muito perigosas! isto eu não disse) e quase sempre muito cobardes. Que provavelmente esse menino estava com ciúmes e também queria brincar, mas preferiu estragar-lhes a brincadeira a ter a humildade de perguntar se se podia juntar.
Disse-lhe que há pessoas que são más. Que nascem más. Que o mundo de amizade que ela conhece é muito restrito e que vai encontrar pessoas más ao longo da vida. Que a inteligência está em sabermos afastar-nos delas.
Ela disse que as meninas não eram tão más. E com toda a minha frieza - e é necessária muito para desenganar assim uma criança - tive de lhe dizer que as meninas podem ser ainda piores do que os rapazes. Que eles são mais físicos, resolvem tudo com um pontapé. Que elas são "manhosas", na generalidade intelectualmente mais fortes, e que é preciso estar muito atenta para perceber quem são mesmo as nossas amigas.
Também me disse que uns meninos tinham gozado com ela já não sei porquê. E eu perguntei o que é que ela tinha respondido. E ela, de sobrolho levantado e com ar de desdém respondeu: Ignorei!
That's my girl!
terça-feira, 8 de outubro de 2013
sonhos 7#
Estou na janela da cozinha com o Miguel. Por trás dos prédios e dos montes que habitualmente vemos, há edifícios em estilo árabe, de cúpulas redondas e cheios de cores, e um pouco desproporcionais em termos de tamanho (pareciam kalkitos colocados fora do contexto, não que no sonho me tivessem causado estranheza).
De repente, esses edifícios/monumentos começam a cair. Não a ruir verticalmente, mas a cair para o lado, como que a desmaiar. Fico assustada e digo ao Miguel: vamos para o pé da Daniela (que entretanto estaria na sala), não a vamos deixar sozinha! Antes que isso acontecesse, os edifícos que começaram a cair, começam de novo a erguer-se, como estivessem caídos de lado e alguém lhes pegasse na ponta e os levantasse para ficarem de novo em pé.
E no céu surge um homem (que sei no sonho que era um actor conhecido, mas que acordada não consigo visualizar a cara), o responsável pelo re-erguer dos tais edifícios. O homem está com as pernas cruzadas e na mão tem um conjunto de muitos balões roxos que o fazem voar. É, tal como os edifícios árabes, desproporcionalmente grande. E desce. Até ficar a pairar no nosso terraço, mesmo em frente a nós. Acho que nos falámos, mas não sei o que dissemos. Tenho uma sensação de simpatia em relação a ele e não de medo.
Acho que para lá dos montes que vejo da minha casa, há um mundo encantado...
De repente, esses edifícios/monumentos começam a cair. Não a ruir verticalmente, mas a cair para o lado, como que a desmaiar. Fico assustada e digo ao Miguel: vamos para o pé da Daniela (que entretanto estaria na sala), não a vamos deixar sozinha! Antes que isso acontecesse, os edifícos que começaram a cair, começam de novo a erguer-se, como estivessem caídos de lado e alguém lhes pegasse na ponta e os levantasse para ficarem de novo em pé.
E no céu surge um homem (que sei no sonho que era um actor conhecido, mas que acordada não consigo visualizar a cara), o responsável pelo re-erguer dos tais edifícios. O homem está com as pernas cruzadas e na mão tem um conjunto de muitos balões roxos que o fazem voar. É, tal como os edifícios árabes, desproporcionalmente grande. E desce. Até ficar a pairar no nosso terraço, mesmo em frente a nós. Acho que nos falámos, mas não sei o que dissemos. Tenho uma sensação de simpatia em relação a ele e não de medo.
Acho que para lá dos montes que vejo da minha casa, há um mundo encantado...
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
trabalhar para aquecer... é um privilégio!
Há muito que o voluntariado era um bichinho que me rondava os pensamentos. Mas sempre que pensava nisso, só conseguia pensar em voluntariado que obriga a lidar com o sofrimento dos outros. Hospitais, instituições de solidariedade social onde há histórias de uma tristeza sem fim. Não sei se se chama egoísmo ou excesso de sensibilidade, a verdade é que eu não tenho estofo para lidar com o sofrimento dos outros.
Às vezes, pensava em colaborar com o Banco Alimentar. É uma ajuda preciosa, que não implica o contacto directo com as pessoas que precisam de nós. Por razões profissionais contactei de perto com a Entrajuda e passei a admirar ainda mais o trabalho que ali fazem. "Um dia, inscrevo-me para ajudar numa campanha de angariação de alimentos", pensei eu muitas vezes. Mas esse dia nunca chegou. Preguiça. Inércia. Talvez. Mas nunca me deu aquele click que precisamos para nos mexermos da cadeira.
Até à semana passada, em que recebi um email na caixa de correio. A biblioteca da nova escola da Daniela precisa de voluntários. Têm um espaço excelente, mas apenas uma professora afecta ao projecto. E eu pensei: é isto mesmo! O que melhor podia ser do que um sítio onde imperam os livros e as histórias? Apenas duas horas por semana que podem fazer a diferença.
Não podemos mudar o mundo. Mas podemos ajudar a melhorar os pequenos círculos onde nos movimentamos todos os dias. E promover a paixão pelos livros, é incentivar ao conhecimento e à riqueza interior. "A pobreza combate-se com a educação", defende Isabel Jonet.
Começo amanhã.
Às vezes, pensava em colaborar com o Banco Alimentar. É uma ajuda preciosa, que não implica o contacto directo com as pessoas que precisam de nós. Por razões profissionais contactei de perto com a Entrajuda e passei a admirar ainda mais o trabalho que ali fazem. "Um dia, inscrevo-me para ajudar numa campanha de angariação de alimentos", pensei eu muitas vezes. Mas esse dia nunca chegou. Preguiça. Inércia. Talvez. Mas nunca me deu aquele click que precisamos para nos mexermos da cadeira.
Até à semana passada, em que recebi um email na caixa de correio. A biblioteca da nova escola da Daniela precisa de voluntários. Têm um espaço excelente, mas apenas uma professora afecta ao projecto. E eu pensei: é isto mesmo! O que melhor podia ser do que um sítio onde imperam os livros e as histórias? Apenas duas horas por semana que podem fazer a diferença.
Não podemos mudar o mundo. Mas podemos ajudar a melhorar os pequenos círculos onde nos movimentamos todos os dias. E promover a paixão pelos livros, é incentivar ao conhecimento e à riqueza interior. "A pobreza combate-se com a educação", defende Isabel Jonet.
Começo amanhã.
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
Há quem tenha medo de andar de avião. Eu tenho medo de andar de táxi.
Sim, eu sei. É esquisito.
Há pessoas que morrem de medo de andar de avião. Que fazem testamento e mil recomendações à família antes de se aventurarem numa viagem pelos céus. Que não dormem nos 5 dias que antecedem a partida, e mal respiram assim que entram no pássaro voador.
Eu não. Sigo consciente de que aquilo pode cair. Mas isso não me afecta em demasia. Não tenho medo de morrer. Tenho pena. E como a probabilidade de nos safarmos de um acidente de avião é tão remota, nem me dou ao trabalho de pensar nisso. Porque o que me preocupa nos acidentes não é a morte. São as mazelas que daí podem ficar. Isso sim, é assustador.
O que me leva à ideia inicial: o Táxi. Não é que tenha medo, propriamente. É que não gosto. A perspectiva de entrar num carro com um tipo que eu não conheço e que tem o controlo total do meu destino é coisa que me incomoda.
Começa logo pelo facto de eu não gostar de andar de carro com outras pessoas a conduzir. E, verdade seja dita, os taxistas (regra geral) são uma pequenas bestas a conduzir. Não respeitam as regras, não respeitam os outros condutores, não respeitam os peões e não respeitam que lá vai dentro. Começamos por isso mal.
E depois é a incerteza. Quem me diz a mim, que aquela pessoa não é um psicopata furioso à espera de agarrar a sua próxima vítima? Quem me diz a mim que não me vai levar para um barracão e tirar-me um rim (ou até outra coisa que me faça mais falta, que rins até tenho dois)? Ou que não me vai cortar às postas e enfiar numa mala que depois atira ao Tejo e nunca mais ninguém sabe de mim? (O que seria muito aborrecido porque sem corpo as companhias de seguros não pagam os seguros de vida e depois de tantos anos a investir nisso dava jeito a quem fica receber qualquer coisa. Mas adiante.)
Por tudo isto, prefiro sempre levar o carro, seja para onde for. Até porque o problema de antes já não se põe. O estacionamento. Lisboa tem hoje sempre um parque de estacionamento à mão. E eu sou fã de parques de estacionamento. Principalmente dos que têm Via Verde. Isso sim é qualidade de vida!
Acresce a isso que, mesmo nas saídas à noite, não me excedo nos copos, pelo que também nunca chega a ser uma condicionante.
Ora, numa dessas parcas vezes em que ando de táxi, ainda para mais sozinha e já de madrugada, ocorreu-me que podia fazer uso das horas que passo a ver séries de investigação na TV. Então, eu tenho um smartphone, certo? E o smartphone tem GPS. E hoje há dezenas daquelas aplicações "encontre os seus amigos", que são muito irritantes, mas no caso podem dar jeito. E eu pensei "bem, vou ligar a coisa. Com sorte a lâmina que me vai cortar às postas não acerta no bicho e ele segue comigo para o fundo do rio. Ainda me encontram e o pessoal sempre recebe o dinheiro a que tem direito!"
E assim fiz.
Felizmente não foi preciso. O senhor deixou-me direitinha à porta de casa. E nem falou comigo! Que, já agora, também é coisa que eu prefiro que não aconteça.
Há pessoas que morrem de medo de andar de avião. Que fazem testamento e mil recomendações à família antes de se aventurarem numa viagem pelos céus. Que não dormem nos 5 dias que antecedem a partida, e mal respiram assim que entram no pássaro voador.
Eu não. Sigo consciente de que aquilo pode cair. Mas isso não me afecta em demasia. Não tenho medo de morrer. Tenho pena. E como a probabilidade de nos safarmos de um acidente de avião é tão remota, nem me dou ao trabalho de pensar nisso. Porque o que me preocupa nos acidentes não é a morte. São as mazelas que daí podem ficar. Isso sim, é assustador.
O que me leva à ideia inicial: o Táxi. Não é que tenha medo, propriamente. É que não gosto. A perspectiva de entrar num carro com um tipo que eu não conheço e que tem o controlo total do meu destino é coisa que me incomoda.
Começa logo pelo facto de eu não gostar de andar de carro com outras pessoas a conduzir. E, verdade seja dita, os taxistas (regra geral) são uma pequenas bestas a conduzir. Não respeitam as regras, não respeitam os outros condutores, não respeitam os peões e não respeitam que lá vai dentro. Começamos por isso mal.
E depois é a incerteza. Quem me diz a mim, que aquela pessoa não é um psicopata furioso à espera de agarrar a sua próxima vítima? Quem me diz a mim que não me vai levar para um barracão e tirar-me um rim (ou até outra coisa que me faça mais falta, que rins até tenho dois)? Ou que não me vai cortar às postas e enfiar numa mala que depois atira ao Tejo e nunca mais ninguém sabe de mim? (O que seria muito aborrecido porque sem corpo as companhias de seguros não pagam os seguros de vida e depois de tantos anos a investir nisso dava jeito a quem fica receber qualquer coisa. Mas adiante.)
Por tudo isto, prefiro sempre levar o carro, seja para onde for. Até porque o problema de antes já não se põe. O estacionamento. Lisboa tem hoje sempre um parque de estacionamento à mão. E eu sou fã de parques de estacionamento. Principalmente dos que têm Via Verde. Isso sim é qualidade de vida!
Acresce a isso que, mesmo nas saídas à noite, não me excedo nos copos, pelo que também nunca chega a ser uma condicionante.
Ora, numa dessas parcas vezes em que ando de táxi, ainda para mais sozinha e já de madrugada, ocorreu-me que podia fazer uso das horas que passo a ver séries de investigação na TV. Então, eu tenho um smartphone, certo? E o smartphone tem GPS. E hoje há dezenas daquelas aplicações "encontre os seus amigos", que são muito irritantes, mas no caso podem dar jeito. E eu pensei "bem, vou ligar a coisa. Com sorte a lâmina que me vai cortar às postas não acerta no bicho e ele segue comigo para o fundo do rio. Ainda me encontram e o pessoal sempre recebe o dinheiro a que tem direito!"
E assim fiz.
Felizmente não foi preciso. O senhor deixou-me direitinha à porta de casa. E nem falou comigo! Que, já agora, também é coisa que eu prefiro que não aconteça.
sábado, 21 de setembro de 2013
Back to School#1
E pronto, lá ficou.
Ser mãe (ou pai), é isto mesmo. Quando decidimos que ía mudar de escola, fizemo-lo de modo consciente. Na altura não teve nada que ver com dinheiro, menos ainda com o facto de podermos achar que a escola em que andava não servia o objectivo de aprender mais e melhor. Teve apenas que ver com o facto de acreditarmos que a escola não deve ensinar apenas os números e as letras. Deve preparar para a vida. Que é preciso que percebam que a realidade do mundo não é a redoma de vidro em que estava confortavelmente (ela e nós) na escola anterior.
Preparar para a vida é perceber as diferenças. Conviver com elas. É ter que ganhar as suas defesas, encontrar os seus pontos de equilíbrio. É conviver com meninos de outras culturas, de outros meios sociais e económicos. E estar presente para explicar o que é mais difícil de perceber, formar para a aceitação do outro. É deixá-los perceber que o coração sangra muitas vezes, mas que estaremos lá para curar as feridas, com amor, com carinho, com compreensão.
Hoje deixei-a nesse novo mundo. Num mundo de portão aberto. De muitas crianças e grande confusão. Com pessoas que não conheço, que não sei se têm a capacidade e a inteligência emocional necessárias para perceber que todas as crianças são diferentes. Ficou. Descansou mais quando a sua amiga chegou e nela encontrou um porto seguro.
E eu vim-me embora. Chorei. Confesso que chorei. Mais do que no primeiro dia em que a deixei com a ama quando tinha 6 meses. Mais do que no dia em que a deixei com dois anos e meio na escola. Da primeira vez, chorei porque ela não podia perceber porque é que eu a deixava com uma pessoa que ela não conhecia. Porque a deixava pela primeira vez desde que tinha começado a crescer dentro de mim. Mas deixei-a com a certeza de que dificilmente ficaria melhor entregue. Da segunda vez, chorei porque tive de a deixar num ambiente novo, mais uma vez sem que ela percebesse porquê, mas com confiança em quem ficava com ela. Com a certeza de que teria toda a atenção do mundo.
Hoje chorei porque a deixei num mundo muito diferente do que ela conhece. Com pessoas que ela não conhece e que eu não conheço. Porque sei (desconfio, vá) que ali não terá a mesma atenção e o mesmo carinho a que está habituada. Porque haverá decerto miúdos e miúdas estúpidos que a farão sofrer. Porque não tenho a certeza se as pessoas que lá estão têm a capacidade, ou mesmo o interesse, de a acompanhar como eu gostaria.
Provavelmente, doeu-me mais a mim do que lhe doeu a ela. Que ficou com a certeza de ter à sua espera um mundo novo, de aprendizagem e conhecimento.
Sou assim, eu. Firme e hirta quando a situação o exige. Mas desmorono mais depressa que um castelo de cartas no segundo em que a minha força já não é necessária. Tive vontade de pegar nela e ir a correr para a escola antiga. Pedir desculpa por chegar assim, sem avisar, dias depois de já terem começado o trabalho.
Mas não podemos, pois não? Não podemos andar com eles ao colo a vida inteira. Não podemos evitar os sofrimentos e os perigos que, se tudo correr bem, servirão apenas para os fazer crescer mais fortes e mais conscientes.
Não me contive, e chorei ao telefone com o meu marido, que estará também ansioso, mas que tem de trabalhar e não precisava de uma maria-maluca a destabilizar-lhe a cabeça. E chorei depois com o meu próprio Pai, que me perguntou "queres que vá aí?". E ser pai e mãe é isto mesmo. É não poder evitar o sofrimento, mas minimizá-lo um bocadinho com a presença. Mesmo quando temos quase 40 anos.
Hoje começa uma nova etapa para todos nós. E eu sei que será uma etapa maravilhosa, de crescimento, de conhecimento, de novos amigos.
Agora já passou, não vou chorar mais (se bem que ainda não falei com a minha mãe, o que eleva em muito o risco das lágrimas me voltarem a torvar os olhos...).
É o coração. É o coração de Mãe que nos deixa assim, parvas.
Ser mãe (ou pai), é isto mesmo. Quando decidimos que ía mudar de escola, fizemo-lo de modo consciente. Na altura não teve nada que ver com dinheiro, menos ainda com o facto de podermos achar que a escola em que andava não servia o objectivo de aprender mais e melhor. Teve apenas que ver com o facto de acreditarmos que a escola não deve ensinar apenas os números e as letras. Deve preparar para a vida. Que é preciso que percebam que a realidade do mundo não é a redoma de vidro em que estava confortavelmente (ela e nós) na escola anterior.
Preparar para a vida é perceber as diferenças. Conviver com elas. É ter que ganhar as suas defesas, encontrar os seus pontos de equilíbrio. É conviver com meninos de outras culturas, de outros meios sociais e económicos. E estar presente para explicar o que é mais difícil de perceber, formar para a aceitação do outro. É deixá-los perceber que o coração sangra muitas vezes, mas que estaremos lá para curar as feridas, com amor, com carinho, com compreensão.
Hoje deixei-a nesse novo mundo. Num mundo de portão aberto. De muitas crianças e grande confusão. Com pessoas que não conheço, que não sei se têm a capacidade e a inteligência emocional necessárias para perceber que todas as crianças são diferentes. Ficou. Descansou mais quando a sua amiga chegou e nela encontrou um porto seguro.
E eu vim-me embora. Chorei. Confesso que chorei. Mais do que no primeiro dia em que a deixei com a ama quando tinha 6 meses. Mais do que no dia em que a deixei com dois anos e meio na escola. Da primeira vez, chorei porque ela não podia perceber porque é que eu a deixava com uma pessoa que ela não conhecia. Porque a deixava pela primeira vez desde que tinha começado a crescer dentro de mim. Mas deixei-a com a certeza de que dificilmente ficaria melhor entregue. Da segunda vez, chorei porque tive de a deixar num ambiente novo, mais uma vez sem que ela percebesse porquê, mas com confiança em quem ficava com ela. Com a certeza de que teria toda a atenção do mundo.
Hoje chorei porque a deixei num mundo muito diferente do que ela conhece. Com pessoas que ela não conhece e que eu não conheço. Porque sei (desconfio, vá) que ali não terá a mesma atenção e o mesmo carinho a que está habituada. Porque haverá decerto miúdos e miúdas estúpidos que a farão sofrer. Porque não tenho a certeza se as pessoas que lá estão têm a capacidade, ou mesmo o interesse, de a acompanhar como eu gostaria.
Provavelmente, doeu-me mais a mim do que lhe doeu a ela. Que ficou com a certeza de ter à sua espera um mundo novo, de aprendizagem e conhecimento.
Sou assim, eu. Firme e hirta quando a situação o exige. Mas desmorono mais depressa que um castelo de cartas no segundo em que a minha força já não é necessária. Tive vontade de pegar nela e ir a correr para a escola antiga. Pedir desculpa por chegar assim, sem avisar, dias depois de já terem começado o trabalho.
Mas não podemos, pois não? Não podemos andar com eles ao colo a vida inteira. Não podemos evitar os sofrimentos e os perigos que, se tudo correr bem, servirão apenas para os fazer crescer mais fortes e mais conscientes.
Não me contive, e chorei ao telefone com o meu marido, que estará também ansioso, mas que tem de trabalhar e não precisava de uma maria-maluca a destabilizar-lhe a cabeça. E chorei depois com o meu próprio Pai, que me perguntou "queres que vá aí?". E ser pai e mãe é isto mesmo. É não poder evitar o sofrimento, mas minimizá-lo um bocadinho com a presença. Mesmo quando temos quase 40 anos.
Hoje começa uma nova etapa para todos nós. E eu sei que será uma etapa maravilhosa, de crescimento, de conhecimento, de novos amigos.
Agora já passou, não vou chorar mais (se bem que ainda não falei com a minha mãe, o que eleva em muito o risco das lágrimas me voltarem a torvar os olhos...).
É o coração. É o coração de Mãe que nos deixa assim, parvas.
sexta-feira, 20 de setembro de 2013
Back to School: mas agora do outro lado#1
Lembro-me da expectativa de conhecer professores novos, e pergunto-me o que terão pensado de mim quando entraram na sala. Agradeço o facto de a telepatia não fazer parte dos dons que possa ter, mantendo-me na confortável ignorância de quem ainda tem ilusões.
Diz que houve festa no dia anterior à noite. O que fez com que tivesse apenas a presença de duas alunas na aula da manhã. Até que não foi mau assim. Sempre deu para me ir ambientando e adaptando a este meu novo papel e a este novo nome que teimam em me chamar e ao qual eu ainda não respondo por instinto: professora.
É óbvio que ambas eram alunas interessadas e interessantes, o que facilitou e muito o diálogo. Apesar disso, não se conseguiram evitar uns bocejos de uma, e umas trocas de SMS de outra, ainda que de forma muito bem dissimulada.
A tarde trouxe-me 6 alunos. Sendo que apareceram quase 20 minutos depois, já eu estava quase a desistir. Ao que parece estavam lá em baixo à porta, à espera que "a professora" entrasse no edifício. E eu já estava na sala à espera que eles chegassem. 10 minutos antes da hora. Aprendi que os anfitriões esperam pelos convidados e é como anfitriã que me sinto.
Separam-nos praticamente 20 anos de vida, mas percebi que sentem exactamente o mesmo que eu sentia quando andava na faculdade. Podem ter telemóveis, internet e 300 canais de televisão. Na essência, no que ao futuro diz respeito, têm as mesmas incertezas, as mesmas dúvidas.
Acredito que um professor é alguém que pode fazer a diferença na nossa vida. Para o bem e para o mal. Que, se tiver a humildade e a sensatez necessárias, pode encaminhar os alunos para uma ou outra escolha. Ainda que o faça, na maioria das vezes, sem intenção.
Saí feliz. Feliz pela minha prestação. Feliz por sentir que irei ganhar muitas coisas. Feliz por perceber que, afinal, o que sei pode ser importante. Irei aprender muito. Irei ter a oportunidade de conhecer pessoas de uma faixa etária com a qual convivo pouco.
Do que eu tenho para aprender com eles e do que tenho para lhes ensinar, se fará um novo mundo. Com novas experiências, novas partilhas, novos sentimentos. Um mundo que será meu.
Diz que houve festa no dia anterior à noite. O que fez com que tivesse apenas a presença de duas alunas na aula da manhã. Até que não foi mau assim. Sempre deu para me ir ambientando e adaptando a este meu novo papel e a este novo nome que teimam em me chamar e ao qual eu ainda não respondo por instinto: professora.
É óbvio que ambas eram alunas interessadas e interessantes, o que facilitou e muito o diálogo. Apesar disso, não se conseguiram evitar uns bocejos de uma, e umas trocas de SMS de outra, ainda que de forma muito bem dissimulada.
A tarde trouxe-me 6 alunos. Sendo que apareceram quase 20 minutos depois, já eu estava quase a desistir. Ao que parece estavam lá em baixo à porta, à espera que "a professora" entrasse no edifício. E eu já estava na sala à espera que eles chegassem. 10 minutos antes da hora. Aprendi que os anfitriões esperam pelos convidados e é como anfitriã que me sinto.
Separam-nos praticamente 20 anos de vida, mas percebi que sentem exactamente o mesmo que eu sentia quando andava na faculdade. Podem ter telemóveis, internet e 300 canais de televisão. Na essência, no que ao futuro diz respeito, têm as mesmas incertezas, as mesmas dúvidas.
Acredito que um professor é alguém que pode fazer a diferença na nossa vida. Para o bem e para o mal. Que, se tiver a humildade e a sensatez necessárias, pode encaminhar os alunos para uma ou outra escolha. Ainda que o faça, na maioria das vezes, sem intenção.
Saí feliz. Feliz pela minha prestação. Feliz por sentir que irei ganhar muitas coisas. Feliz por perceber que, afinal, o que sei pode ser importante. Irei aprender muito. Irei ter a oportunidade de conhecer pessoas de uma faixa etária com a qual convivo pouco.
Do que eu tenho para aprender com eles e do que tenho para lhes ensinar, se fará um novo mundo. Com novas experiências, novas partilhas, novos sentimentos. Um mundo que será meu.
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
O Poder da Ubiquidade visto por uma Criança de 6 Anos
- Mãe, eu já estive em dois sítios ao mesmo tempo.
- Então?!
- Quando era um espermatozoide ía para todos os sítios que o pai ía, e era um óvulo e ía para todos os sítios que tu ías!
- pois (.....)
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
Coração de Mãe
E pronto, lá ficou.
Ser mãe (ou pai), é isto mesmo.
Quando decidimos que ía mudar de escola, fizemo-lo de modo consciente. Na altura não teve nada que ver com dinheiro, menos ainda com o facto de podermos achar que a escola em que andava não servia o objectivo de aprender mais e melhor. Teve apenas que ver com o facto de acreditarmos que a escola não deve ensinar apenas os números e as letras. Deve preparar para a vida. Que é preciso que percebam que a realidade do mundo não é a redoma de vidro em que estava confortavelmente (ela e nós) na escola anterior.
Preparar para a vida é perceber as diferenças. Conviver com elas. É ter que ganhar as suas defesas, encontrar os seus pontos de equilíbrio. É conviver com meninos de outras culturas, de outros meios sociais e económicos. E estar presente para explicar o que é mais difícil de perceber, formar para a aceitação do outro. É deixá-los perceber que o coração sangra muitas vezes, mas que estaremos lá para curar as feridas, com amor, com carinho, com compreensão.
Hoje deixei-a nesse novo mundo. Num mundo de portão aberto. De muitas crianças e grande confusão. Com pessoas que não conheço, que não sei se têm a capacidade e a inteligência emocional necessárias para perceber que todas as crianças são diferentes. Ficou. Descansou mais quando a sua amiga chegou e nela encontrou um porto seguro.
E eu vim-me embora. Chorei. Confesso que chorei. Mais do que no primeiro dia em que a deixei com a ama quando tinha 6 meses. Mais do que no dia em que a deixei com dois anos e meio na escola. Da primeira vez, chorei porque ela não podia perceber porque é que eu a deixava com uma pessoa que ela não conhecia. Porque a deixava pela primeira vez desde que tinha começado a crescer dentro de mim. Mas deixei-a com a certeza de que dificilmente ficaria melhor entregue. Da segunda vez, chorei porque tive de a deixar num ambiente novo, mais uma vez sem que ela percebesse porquê, mas com confiança em quem ficava com ela. Com a certeza de que teria toda a atenção do mundo.
Hoje chorei porque a deixei num mundo muito diferente do que ela conhece. Com pessoas que ela não conhece e que eu não conheço. Porque sei (desconfio, vá) que ali não terá a mesma atenção e o mesmo carinho a que está habituada. Porque haverá decerto miúdos e miúdas estúpidos que a farão sofrer. Porque não tenho a certeza se as pessoas que lá estão têm a capacidade, ou mesmo o interesse, de a acompanhar como eu gostaria.
Provavelmente, doeu-me mais a mim do que lhe doeu a ela. Que ficou com a certeza de ter à sua espera um mundo novo, de aprendizagem e conhecimento.
Sou assim, eu. Firme e hirta quando a situação o exige. Mas desmorono mais depressa que um castelo de cartas no segundo em que a minha força já não é necessária. Tive vontade de pegar nela e ir a correr para a escola antiga. Pedir desculpa por chegar assim, sem avisar, dias depois de já terem começado o trabalho.
Mas não podemos, pois não? Não podemos andar com eles ao colo a vida inteira. Não podemos evitar os sofrimentos e os perigos que, se tudo correr bem, servirão apenas para os fazer crescer mais fortes e mais conscientes.
Não me contive, e chorei ao telefone com o meu marido, que estará também ansioso, mas que tem de trabalhar e não precisava de uma maria-maluca a destabilizar-lhe a cabeça. E chorei depois com o meu próprio Pai, que me perguntou "queres que vá aí?". E ser pai e mãe é isto mesmo. É não poder evitar o sofrimento, mas minimizá-lo um bocadinho com a presença. Mesmo quando temos quase 40 anos.
Hoje começa uma nova etapa para todos nós. E eu sei que será uma etapa maravilhosa, de crescimento, de conhecimento, de novos amigos.
Agora já passou, não vou chorar mais (se bem que ainda não falei com a minha mãe, o que eleva em muito o risco das lágrimas me voltarem a torvar os olhos...).
É o coração. É o coração de Mãe que nos deixa assim, parvas.
Ser mãe (ou pai), é isto mesmo.
Quando decidimos que ía mudar de escola, fizemo-lo de modo consciente. Na altura não teve nada que ver com dinheiro, menos ainda com o facto de podermos achar que a escola em que andava não servia o objectivo de aprender mais e melhor. Teve apenas que ver com o facto de acreditarmos que a escola não deve ensinar apenas os números e as letras. Deve preparar para a vida. Que é preciso que percebam que a realidade do mundo não é a redoma de vidro em que estava confortavelmente (ela e nós) na escola anterior.
Preparar para a vida é perceber as diferenças. Conviver com elas. É ter que ganhar as suas defesas, encontrar os seus pontos de equilíbrio. É conviver com meninos de outras culturas, de outros meios sociais e económicos. E estar presente para explicar o que é mais difícil de perceber, formar para a aceitação do outro. É deixá-los perceber que o coração sangra muitas vezes, mas que estaremos lá para curar as feridas, com amor, com carinho, com compreensão.
Hoje deixei-a nesse novo mundo. Num mundo de portão aberto. De muitas crianças e grande confusão. Com pessoas que não conheço, que não sei se têm a capacidade e a inteligência emocional necessárias para perceber que todas as crianças são diferentes. Ficou. Descansou mais quando a sua amiga chegou e nela encontrou um porto seguro.
E eu vim-me embora. Chorei. Confesso que chorei. Mais do que no primeiro dia em que a deixei com a ama quando tinha 6 meses. Mais do que no dia em que a deixei com dois anos e meio na escola. Da primeira vez, chorei porque ela não podia perceber porque é que eu a deixava com uma pessoa que ela não conhecia. Porque a deixava pela primeira vez desde que tinha começado a crescer dentro de mim. Mas deixei-a com a certeza de que dificilmente ficaria melhor entregue. Da segunda vez, chorei porque tive de a deixar num ambiente novo, mais uma vez sem que ela percebesse porquê, mas com confiança em quem ficava com ela. Com a certeza de que teria toda a atenção do mundo.
Hoje chorei porque a deixei num mundo muito diferente do que ela conhece. Com pessoas que ela não conhece e que eu não conheço. Porque sei (desconfio, vá) que ali não terá a mesma atenção e o mesmo carinho a que está habituada. Porque haverá decerto miúdos e miúdas estúpidos que a farão sofrer. Porque não tenho a certeza se as pessoas que lá estão têm a capacidade, ou mesmo o interesse, de a acompanhar como eu gostaria.
Provavelmente, doeu-me mais a mim do que lhe doeu a ela. Que ficou com a certeza de ter à sua espera um mundo novo, de aprendizagem e conhecimento.
Sou assim, eu. Firme e hirta quando a situação o exige. Mas desmorono mais depressa que um castelo de cartas no segundo em que a minha força já não é necessária. Tive vontade de pegar nela e ir a correr para a escola antiga. Pedir desculpa por chegar assim, sem avisar, dias depois de já terem começado o trabalho.
Mas não podemos, pois não? Não podemos andar com eles ao colo a vida inteira. Não podemos evitar os sofrimentos e os perigos que, se tudo correr bem, servirão apenas para os fazer crescer mais fortes e mais conscientes.
Não me contive, e chorei ao telefone com o meu marido, que estará também ansioso, mas que tem de trabalhar e não precisava de uma maria-maluca a destabilizar-lhe a cabeça. E chorei depois com o meu próprio Pai, que me perguntou "queres que vá aí?". E ser pai e mãe é isto mesmo. É não poder evitar o sofrimento, mas minimizá-lo um bocadinho com a presença. Mesmo quando temos quase 40 anos.
Hoje começa uma nova etapa para todos nós. E eu sei que será uma etapa maravilhosa, de crescimento, de conhecimento, de novos amigos.
Agora já passou, não vou chorar mais (se bem que ainda não falei com a minha mãe, o que eleva em muito o risco das lágrimas me voltarem a torvar os olhos...).
É o coração. É o coração de Mãe que nos deixa assim, parvas.
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
Back to Life
E pronto. Depois de uns longos meses de férias, é tempo de voltar ao trabalho.
Esta vida de dondoca é boa, mas tem os seus limites. Logo para começar tem limites monetários, o que é um grande aborrecimento. E depois tem limites cerebrais. Que estas celulazinhas cinzentas andam a dizer-me que estão a ficar perras e precisam de exercício. Elas e eu, que também tenho de me começar a mexer, sob pena de ter de renovar todo o meu guarda-roupa.
Sucede, por isso, que a afamada rentrée de Setembro verá também a luz do dia por aqui. E quando me refiro a "aqui", refiro-me a aqui no blogue, óptimo local para treinar estas coisas da escrita. Para pôr os dedos a mexer no teclado, para criar o hábito e a rotina de escrever todos os dias um bocadinho. Refiro-me também a aqui no "aqui há estória", que às ideias não serve apenas serem boas, têm de ser concretizadas.
O problema com o blogue, é que eu só tenho por hábito escrever quando há de facto alguma coisa interessante para dizer, ou quando o texto que me surge na cabeça me parece valer a pena. Gostava que fosse um blogue de coisas sérias, de crónicas da vida. Mas nem sempre tenho tempo ou disposição para isso, e assim vão passando meses sem escrever uma linha.
Ora, pus-me a pensar: muitos dos blogs que eu conheço falam de tudo. Da comida que compraram para o cão, às papas da criancinha, aos temas do país. E, de quando em vez, lá surge alguma coisa que vale a pena ler. Isso significa que as pessoas encaram o blogue como um diário, mais do que qualquer outra coisa. E isso faz sentido.
Não quero com isto dizer que vou passar a relatar a minha vida. Gosto, aliás, muito pouco, que saibam da minha vida. Mas vou escrever o que me apetecer. Apesar de poder ser lido por mais pessoas, vou escrever como se fosse para mim. Isso vai dar-me alento para a escrita e vai obrigar-me a ter uma rotina e a pôr os neurónios a mexer.
Por hoje era só isto. Um bom (re)começo para todos!
Esta vida de dondoca é boa, mas tem os seus limites. Logo para começar tem limites monetários, o que é um grande aborrecimento. E depois tem limites cerebrais. Que estas celulazinhas cinzentas andam a dizer-me que estão a ficar perras e precisam de exercício. Elas e eu, que também tenho de me começar a mexer, sob pena de ter de renovar todo o meu guarda-roupa.
Sucede, por isso, que a afamada rentrée de Setembro verá também a luz do dia por aqui. E quando me refiro a "aqui", refiro-me a aqui no blogue, óptimo local para treinar estas coisas da escrita. Para pôr os dedos a mexer no teclado, para criar o hábito e a rotina de escrever todos os dias um bocadinho. Refiro-me também a aqui no "aqui há estória", que às ideias não serve apenas serem boas, têm de ser concretizadas.
O problema com o blogue, é que eu só tenho por hábito escrever quando há de facto alguma coisa interessante para dizer, ou quando o texto que me surge na cabeça me parece valer a pena. Gostava que fosse um blogue de coisas sérias, de crónicas da vida. Mas nem sempre tenho tempo ou disposição para isso, e assim vão passando meses sem escrever uma linha.
Ora, pus-me a pensar: muitos dos blogs que eu conheço falam de tudo. Da comida que compraram para o cão, às papas da criancinha, aos temas do país. E, de quando em vez, lá surge alguma coisa que vale a pena ler. Isso significa que as pessoas encaram o blogue como um diário, mais do que qualquer outra coisa. E isso faz sentido.
Não quero com isto dizer que vou passar a relatar a minha vida. Gosto, aliás, muito pouco, que saibam da minha vida. Mas vou escrever o que me apetecer. Apesar de poder ser lido por mais pessoas, vou escrever como se fosse para mim. Isso vai dar-me alento para a escrita e vai obrigar-me a ter uma rotina e a pôr os neurónios a mexer.
Por hoje era só isto. Um bom (re)começo para todos!
quinta-feira, 16 de maio de 2013
devíamos ter um desconto, eu acho!
Caramba! Que caro que nos sai o futebol!
E não estou a falar do que nos custa emocionalmente.
Das tristezas que provoca em alguns.
Das desavenças que gera entre cores diferentes.
Das amizades azedadas por diferença de opiniões entre a existência, ou não, de um pénalti mais duvidoso.
E também não estou a falar do que custa a cada um dos adeptos cada bilhete de jogo, cada viagem feita para acompanhar o clube, cada gasto acessório. Isso é lá com cada um, e cada um saberá (ou não) das suas finanças.
Estou mesmo a falar do que o futebol custa ao país, pelo que exige de extras no orçamento e pela diminuição de produtividade que gera.
No fim de semana passado, as probabilidades de o Benfica se sagrar campeão nacional eram elevadas. O Dragão acolhia o Benfica para um jogo que podia resolver o campeonato. Na 6ª feira, adeptos de um e de outro clube, começaram a pensar nisso a sério. Mas tudo bem. Foi só o Sábado que trouxe os nervos efectivos e a impossibilidade de pensar noutra coisa que não fosse o minuto em que o árbitro iria dar início à partida.
Mas isso são os adeptos. Muitos dias antes, a Polícia há-de ter passado várias horas a definir estratégias de segurança, para os festejos que poderiam vir a acontecer lá para os lados do Marquês. Há-de ter posto de prevenção centenas de polícias, prontos para entrar em acção assim que o apito final soasse, e no marcador a Águia tivesse derrubado o Dragão. Ora, isso não aconteceu. E todo o trabalho de dias, e todos os Polícias de prevenção não serviram para nada. Apenas para contribuir para aumentar a coluna dos extras no orçamento de segurança da Câmara Municipal de Lisboa.
Mas o pior não foi isso. Foi o desalento. A tristeza. O desânimo de 6 milhões de pessoas (dizem). Só quem convive de perto com alguém verdadeiramente apaixonado por um clube, percebe o que isto é. Domingo e segunda foram para esquecer. E os níveis de produtividade devem ter estado muito por baixo.
Depressa chegou terça-feira. E a "chama imensa" reacendou-se na esperança da Europa. O sonho podia acontecer e já não se conseguia pensar noutra coisa. Quarta-feira então, era impossível. E das duas uma, ou se fez a viagem até à Holanda e o trabalho ficou para trás, ou se gastou parte do dia em telefonemas, combinações, picardias ou apostas. Produtividade, muito próxima do zero.
Embora o jogo tenha sido disputado lá longe, mais perto dos canais holandeses do que do leão que prometia homenagem à águia, a verdade é que, mais uma vez, se tivessem ganho o jogo, Lisboa teria assistido a uma verdadeira enchente lá para o centro da cidade. Centenas de polícias deverão ter estado, uma vez mais, de prevenção e terão certamente sido pagos por isso.
Mas o sonho não aconteceu. A tristeza e o desânimo voltaram. E mais um dia foi perdido. Ou na viagem de regresso, ou nas conversas sobre a razão para o sucedido. Mais um dia de produtividade zero.
No próximo Domingo a coisa piora. Matematicamente tudo é ainda possível, o que significa que a festa tanto pode acontecer a Norte como a Sul. Ou se enchem os Aliados, ou se enche o Marquês. E isso obriga a duplicar o número de polícias disponíveís em ambos os locais. E a segunda-feira será, por uma razão ou por outra, parca em produtividade.
A semana irá passar, qualquer que seja o resultado, e mais um jogo decisivo. Final da Taça de Portugal. De novo o Benfica, de novo a Capital. De novo o Norte, agora ainda mais acima, no berço da nação. A mesma conversa sobre prevenção, policiamento e respectivo pagamento. Mais um Domingo, e a inevitável quebra de produtividade na segunda-feira. Uns pelo cansaço dos festejos, outros pela desilusão da derrota.
Ora, isto sai caro. Sai demasiado caro a um país que não tem nada para gastar. Sai caro a um país que discute a baixa das pensões - já de si baixas - daqueles que trabalharam toda a vida.
Mas que importa isso se o futebol é uma alegria? E anima o Povo! Viva o futebol!
E perante isto, eu acho que nós, Sportinguistas, que este ano nada contribuímos para isto, devíamos ter uma redução nos impostos. Na factura dos esgotos, ou assim. Eu acho!
E não estou a falar do que nos custa emocionalmente.
Das tristezas que provoca em alguns.
Das desavenças que gera entre cores diferentes.
Das amizades azedadas por diferença de opiniões entre a existência, ou não, de um pénalti mais duvidoso.
E também não estou a falar do que custa a cada um dos adeptos cada bilhete de jogo, cada viagem feita para acompanhar o clube, cada gasto acessório. Isso é lá com cada um, e cada um saberá (ou não) das suas finanças.
Estou mesmo a falar do que o futebol custa ao país, pelo que exige de extras no orçamento e pela diminuição de produtividade que gera.
No fim de semana passado, as probabilidades de o Benfica se sagrar campeão nacional eram elevadas. O Dragão acolhia o Benfica para um jogo que podia resolver o campeonato. Na 6ª feira, adeptos de um e de outro clube, começaram a pensar nisso a sério. Mas tudo bem. Foi só o Sábado que trouxe os nervos efectivos e a impossibilidade de pensar noutra coisa que não fosse o minuto em que o árbitro iria dar início à partida.
Mas isso são os adeptos. Muitos dias antes, a Polícia há-de ter passado várias horas a definir estratégias de segurança, para os festejos que poderiam vir a acontecer lá para os lados do Marquês. Há-de ter posto de prevenção centenas de polícias, prontos para entrar em acção assim que o apito final soasse, e no marcador a Águia tivesse derrubado o Dragão. Ora, isso não aconteceu. E todo o trabalho de dias, e todos os Polícias de prevenção não serviram para nada. Apenas para contribuir para aumentar a coluna dos extras no orçamento de segurança da Câmara Municipal de Lisboa.
Mas o pior não foi isso. Foi o desalento. A tristeza. O desânimo de 6 milhões de pessoas (dizem). Só quem convive de perto com alguém verdadeiramente apaixonado por um clube, percebe o que isto é. Domingo e segunda foram para esquecer. E os níveis de produtividade devem ter estado muito por baixo.
Depressa chegou terça-feira. E a "chama imensa" reacendou-se na esperança da Europa. O sonho podia acontecer e já não se conseguia pensar noutra coisa. Quarta-feira então, era impossível. E das duas uma, ou se fez a viagem até à Holanda e o trabalho ficou para trás, ou se gastou parte do dia em telefonemas, combinações, picardias ou apostas. Produtividade, muito próxima do zero.
Embora o jogo tenha sido disputado lá longe, mais perto dos canais holandeses do que do leão que prometia homenagem à águia, a verdade é que, mais uma vez, se tivessem ganho o jogo, Lisboa teria assistido a uma verdadeira enchente lá para o centro da cidade. Centenas de polícias deverão ter estado, uma vez mais, de prevenção e terão certamente sido pagos por isso.
Mas o sonho não aconteceu. A tristeza e o desânimo voltaram. E mais um dia foi perdido. Ou na viagem de regresso, ou nas conversas sobre a razão para o sucedido. Mais um dia de produtividade zero.
No próximo Domingo a coisa piora. Matematicamente tudo é ainda possível, o que significa que a festa tanto pode acontecer a Norte como a Sul. Ou se enchem os Aliados, ou se enche o Marquês. E isso obriga a duplicar o número de polícias disponíveís em ambos os locais. E a segunda-feira será, por uma razão ou por outra, parca em produtividade.
A semana irá passar, qualquer que seja o resultado, e mais um jogo decisivo. Final da Taça de Portugal. De novo o Benfica, de novo a Capital. De novo o Norte, agora ainda mais acima, no berço da nação. A mesma conversa sobre prevenção, policiamento e respectivo pagamento. Mais um Domingo, e a inevitável quebra de produtividade na segunda-feira. Uns pelo cansaço dos festejos, outros pela desilusão da derrota.
Ora, isto sai caro. Sai demasiado caro a um país que não tem nada para gastar. Sai caro a um país que discute a baixa das pensões - já de si baixas - daqueles que trabalharam toda a vida.
Mas que importa isso se o futebol é uma alegria? E anima o Povo! Viva o futebol!
E perante isto, eu acho que nós, Sportinguistas, que este ano nada contribuímos para isto, devíamos ter uma redução nos impostos. Na factura dos esgotos, ou assim. Eu acho!
quarta-feira, 15 de maio de 2013
da família, da amizade e do medo
Não soube o que escrever nas últimas três semanas. Abri, escrevi, apaguei e fechei a folha sem deixar nada registado.Tive medo de registar alguma coisa. De ter que reler o que tivesse escrito, se o final não fosse o melhor.
Andei (andámos) de coração nas mãos. E logo uma música ecoava na minha cabeça. Ai se ele cai /Vai-se partir/ Meu coração/ Vai-se partir.
Uma música. Há sempre uma música, não há? E donde veio esta há muitas outras, tantas outras. Dava por mim com o Cowboy a cantar. Diz que quem canta seus males espanta. Eu cantei muito. A Daniela chegou a perguntar-me "mas tu estiveste a noite toda a cantar baixinho?". Se calhar estive. Não sabia o que fazer.
Cantei. Em vez de rezar. Ouvia a melodia entoada pelos Pearl Jam no meu ouvido Yes I understand that every life must end. E aumentava de tom sempre que chegava ao I'm a lucky man to count on both hands the ones I love.
Há pessoas que são as nossas pessoas. Aquelas que estão sempre lá, quando nos partimos a rir e quando nos entregamos a chorar. Aquelas que trazemos dentro do peito a todas as horas. Aquelas que não são do nosso sangue, mas que nos correm nas veias. Aquelas que amamos, com nenhum outro objectivo, com nenhum outro propósito que não seja o de amar.
E logo outra canção surgia sem saber de onde, nem porquê, quer o destino que eu não creia no destino/ e o meu fado é não ter fado nenhum.
Tive medo. Tive tanto medo, como nunca antes. Talvez porque nunca me tivesse deparado com a possibilidade de perder alguém antes do tempo. Talvez porque não esteja preparada (nunca) para perder uma das minhas pessoas.
Sabemos, como os Pearl Jam, que tudo o que tem vida acaba um dia. E sabemos que isso nos vai doer. Mas quando o conceito se torna uma possibilidade real, perdemos o descernimento.
Mantivemo-nos juntos, de velinhas acesas. O optimismo e o ânimo de uns, acalentava a esperança dos outros.
A adversidade aproxima as pessoas, e faz perceber que, às vezes, damos importância a coisas que não têm importância nenhuma. E faz perceber quem é que está realmente connosco.
Hoje, que é dia da família, a Daniela disse que "A família é quem nos apoia quando estamos doentes". A Daniela já percebeu que a família não é só sangue a correr nas veias. É muito mais do que isso. Já percebeu que a amizade é acima de tudo amor, e que o amor é o mais importante desta vida. E também já percebeu que é na fragilidade que mais precisamos uns dos outros.
O caminho vislumbra-se longo e difícil. Mas cá estaremos para ajudar a torná-lo o menos penoso possível.
É por isso que somos uma família. Aquela, que não tendo o mesmo sangue, nos corre nas veias.
Andei (andámos) de coração nas mãos. E logo uma música ecoava na minha cabeça. Ai se ele cai /Vai-se partir/ Meu coração/ Vai-se partir.
Uma música. Há sempre uma música, não há? E donde veio esta há muitas outras, tantas outras. Dava por mim com o Cowboy a cantar. Diz que quem canta seus males espanta. Eu cantei muito. A Daniela chegou a perguntar-me "mas tu estiveste a noite toda a cantar baixinho?". Se calhar estive. Não sabia o que fazer.
Cantei. Em vez de rezar. Ouvia a melodia entoada pelos Pearl Jam no meu ouvido Yes I understand that every life must end. E aumentava de tom sempre que chegava ao I'm a lucky man to count on both hands the ones I love.
Há pessoas que são as nossas pessoas. Aquelas que estão sempre lá, quando nos partimos a rir e quando nos entregamos a chorar. Aquelas que trazemos dentro do peito a todas as horas. Aquelas que não são do nosso sangue, mas que nos correm nas veias. Aquelas que amamos, com nenhum outro objectivo, com nenhum outro propósito que não seja o de amar.
E logo outra canção surgia sem saber de onde, nem porquê, quer o destino que eu não creia no destino/ e o meu fado é não ter fado nenhum.
Tive medo. Tive tanto medo, como nunca antes. Talvez porque nunca me tivesse deparado com a possibilidade de perder alguém antes do tempo. Talvez porque não esteja preparada (nunca) para perder uma das minhas pessoas.
Sabemos, como os Pearl Jam, que tudo o que tem vida acaba um dia. E sabemos que isso nos vai doer. Mas quando o conceito se torna uma possibilidade real, perdemos o descernimento.
Mantivemo-nos juntos, de velinhas acesas. O optimismo e o ânimo de uns, acalentava a esperança dos outros.
A adversidade aproxima as pessoas, e faz perceber que, às vezes, damos importância a coisas que não têm importância nenhuma. E faz perceber quem é que está realmente connosco.
Hoje, que é dia da família, a Daniela disse que "A família é quem nos apoia quando estamos doentes". A Daniela já percebeu que a família não é só sangue a correr nas veias. É muito mais do que isso. Já percebeu que a amizade é acima de tudo amor, e que o amor é o mais importante desta vida. E também já percebeu que é na fragilidade que mais precisamos uns dos outros.
O caminho vislumbra-se longo e difícil. Mas cá estaremos para ajudar a torná-lo o menos penoso possível.
É por isso que somos uma família. Aquela, que não tendo o mesmo sangue, nos corre nas veias.
sexta-feira, 8 de março de 2013
às mulheres da minha vida
à que me deu a vida e me acompanha em todos os momentos, mesmo quando não está ao pé de mim.
à que que cresceu comigo e partilha as memórias que só nós temos.
ao (pouco mais de) metro de gente, que me enaltece a condição.
aquela que corre no meu sangue, não tendo o meu sangue de verdade.
à caçula mais forte que eu conheço e que é uma fonte de inspiração.
às que estiveram comigo e que agora voltaram, e me fazem acreditar que a amizade não tem tempo nem tem espaço.
às que todos os dias dão amor, carinho e ensinamentos à minha filha.
às que me têm acompanhado nas viagens e nunca sairam a meio.
às que só agora encontrei, mas que parece que conheço da vida inteira e me (re)lembram que há por aí muita gente que vale a pena conhecer.
às que partilharam tantas horas dos meus dias, durante tantos dias, que me ampararam as quedas e riram alto comigo.
às que me magoaram,porque me fizeram mais forte.
aos homens que nos respeitam.
https://www.youtube.com/watch?v=XTb9GNIxpMk
à que que cresceu comigo e partilha as memórias que só nós temos.
ao (pouco mais de) metro de gente, que me enaltece a condição.
aquela que corre no meu sangue, não tendo o meu sangue de verdade.
à caçula mais forte que eu conheço e que é uma fonte de inspiração.
às que estiveram comigo e que agora voltaram, e me fazem acreditar que a amizade não tem tempo nem tem espaço.
às que todos os dias dão amor, carinho e ensinamentos à minha filha.
às que me têm acompanhado nas viagens e nunca sairam a meio.
às que só agora encontrei, mas que parece que conheço da vida inteira e me (re)lembram que há por aí muita gente que vale a pena conhecer.
às que partilharam tantas horas dos meus dias, durante tantos dias, que me ampararam as quedas e riram alto comigo.
às que me magoaram,porque me fizeram mais forte.
aos homens que nos respeitam.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
Dia 2 # O ingresso nas fileiras
9h34m
Carrego no botão verde do dispensador de senhas.
"Inscrições. Reinscrições. Subsídios. Procura activa de emprego".
Sou o número 480.
Olho mais atentamente para a senha e deparo-me com o tempo de espera: 4h39m!
Olho novamente. Não sei bem que cara terei feito. Lembro-me de ter aberto muito os olhos. E de ter aberto a boca também. De tal maneira que o segurança me veio perguntar se tinha alguma dúvida. Respondi-lhe que não. Que estava apenas espantada com o tempo de espera indicado. Ele viu o meu número e disse:" Ah pois, é o 480. Tem 80 números à frente. Já só é atendida lá para a tarde!"
Não é que eu não contasse. Mas tinha a secreta esperança de que não demorasse tanto.
Felizmente fui precavida com um livro que me levasse o tempo sem dar por ele, a agenda para me ir organizando e um caderno para as ideias que pudessem surgir. E Cascais é sempre um belo sítio para se dar um passeio. Frio e Sol. Perfeito. Com a Baía em modo de espelho.
Quando vemos nas notícias a percentagem sempre a subir, fazemos um ar preocupado. Mas quando essa percentagem ganha cara e ganha corpo, deixamos de lado o ar preocupado e passamos a sentir dentro do peito um aperto pequenino. E ficamos sem saber muito bem o que pensar.
Para muitos não há terra à vista.
Eu, não tendo ainda terra à vista, tenho pelo menos uma rota.
Só espero não ser como o Pedro Álvares Cabral que se enganou no caminho e foi parar a outro lado. Ainda assim, descobriu a terra que foi destino de muitos portugueses durante anos, e que surge novamente como um dos locais onde tantos outros renovam a esperança num futuro melhor.
Seja ´"Índia" ou "Brasil", eu vou. A viagem começou.
14h48m.
O ecrã electrónico indica o número 480.Não passaram as prometidas 4h39m, mas sim 5h14m.
E lá ingresso nesta fileira, que ninguém sabe bem onde vai parar.
Carrego no botão verde do dispensador de senhas.
"Inscrições. Reinscrições. Subsídios. Procura activa de emprego".
Olho mais atentamente para a senha e deparo-me com o tempo de espera: 4h39m!
Olho novamente. Não sei bem que cara terei feito. Lembro-me de ter aberto muito os olhos. E de ter aberto a boca também. De tal maneira que o segurança me veio perguntar se tinha alguma dúvida. Respondi-lhe que não. Que estava apenas espantada com o tempo de espera indicado. Ele viu o meu número e disse:" Ah pois, é o 480. Tem 80 números à frente. Já só é atendida lá para a tarde!"
Não é que eu não contasse. Mas tinha a secreta esperança de que não demorasse tanto.
Felizmente fui precavida com um livro que me levasse o tempo sem dar por ele, a agenda para me ir organizando e um caderno para as ideias que pudessem surgir. E Cascais é sempre um belo sítio para se dar um passeio. Frio e Sol. Perfeito. Com a Baía em modo de espelho.
Quando vemos nas notícias a percentagem sempre a subir, fazemos um ar preocupado. Mas quando essa percentagem ganha cara e ganha corpo, deixamos de lado o ar preocupado e passamos a sentir dentro do peito um aperto pequenino. E ficamos sem saber muito bem o que pensar.
Para muitos não há terra à vista.
Eu, não tendo ainda terra à vista, tenho pelo menos uma rota.
Só espero não ser como o Pedro Álvares Cabral que se enganou no caminho e foi parar a outro lado. Ainda assim, descobriu a terra que foi destino de muitos portugueses durante anos, e que surge novamente como um dos locais onde tantos outros renovam a esperança num futuro melhor.
Seja ´"Índia" ou "Brasil", eu vou. A viagem começou.
14h48m.
O ecrã electrónico indica o número 480.Não passaram as prometidas 4h39m, mas sim 5h14m.
E lá ingresso nesta fileira, que ninguém sabe bem onde vai parar.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
Dia 1 # A Receita
Dose e meia de coragem
Meia dose de loucura
4 doses de determinação
2 doses de objectivos
Estupidez q.b.
Mistura-se tudo muito bem (na Bimby se tiverem a oportunidade, à força de braço se não houver outro remédio).
Vai ao forno o tempo que for preciso.
Quando estiver no ponto em que, mais um bocadinho e começa a queimar, é tirar.
Espera-se que arrefeça e desenforma-se.
Et voilá!
Deixamos tudo para trás e começamos de novo.
Simples, não?!
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