Há muito que o voluntariado era um bichinho que me rondava os pensamentos. Mas sempre que pensava nisso, só conseguia pensar em voluntariado que obriga a lidar com o sofrimento dos outros. Hospitais, instituições de solidariedade social onde há histórias de uma tristeza sem fim. Não sei se se chama egoísmo ou excesso de sensibilidade, a verdade é que eu não tenho estofo para lidar com o sofrimento dos outros.
Às vezes, pensava em colaborar com o Banco Alimentar. É uma ajuda preciosa, que não implica o contacto directo com as pessoas que precisam de nós. Por razões profissionais contactei de perto com a Entrajuda e passei a admirar ainda mais o trabalho que ali fazem. "Um dia, inscrevo-me para ajudar numa campanha de angariação de alimentos", pensei eu muitas vezes. Mas esse dia nunca chegou. Preguiça. Inércia. Talvez. Mas nunca me deu aquele click que precisamos para nos mexermos da cadeira.
Até à semana passada, em que recebi um email na caixa de correio. A biblioteca da nova escola da Daniela precisa de voluntários. Têm um espaço excelente, mas apenas uma professora afecta ao projecto. E eu pensei: é isto mesmo! O que melhor podia ser do que um sítio onde imperam os livros e as histórias? Apenas duas horas por semana que podem fazer a diferença.
Não podemos mudar o mundo. Mas podemos ajudar a melhorar os pequenos círculos onde nos movimentamos todos os dias. E promover a paixão pelos livros, é incentivar ao conhecimento e à riqueza interior. "A pobreza combate-se com a educação", defende Isabel Jonet.
Começo amanhã.
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