Caramba! Que caro que nos sai o futebol!
E não estou a falar do que nos custa emocionalmente.
Das tristezas que provoca em alguns.
Das desavenças que gera entre cores diferentes.
Das amizades azedadas por diferença de opiniões entre a existência, ou não, de um pénalti mais duvidoso.
E também não estou a falar do que custa a cada um dos adeptos cada bilhete de jogo, cada viagem feita para acompanhar o clube, cada gasto acessório. Isso é lá com cada um, e cada um saberá (ou não) das suas finanças.
Estou mesmo a falar do que o futebol custa ao país, pelo que exige de extras no orçamento e pela diminuição de produtividade que gera.
No fim de semana passado, as probabilidades de o Benfica se sagrar campeão nacional eram elevadas. O Dragão acolhia o Benfica para um jogo que podia resolver o campeonato. Na 6ª feira, adeptos de um e de outro clube, começaram a pensar nisso a sério. Mas tudo bem. Foi só o Sábado que trouxe os nervos efectivos e a impossibilidade de pensar noutra coisa que não fosse o minuto em que o árbitro iria dar início à partida.
Mas isso são os adeptos. Muitos dias antes, a Polícia há-de ter passado várias horas a definir estratégias de segurança, para os festejos que poderiam vir a acontecer lá para os lados do Marquês. Há-de ter posto de prevenção centenas de polícias, prontos para entrar em acção assim que o apito final soasse, e no marcador a Águia tivesse derrubado o Dragão. Ora, isso não aconteceu. E todo o trabalho de dias, e todos os Polícias de prevenção não serviram para nada. Apenas para contribuir para aumentar a coluna dos extras no orçamento de segurança da Câmara Municipal de Lisboa.
Mas o pior não foi isso. Foi o desalento. A tristeza. O desânimo de 6 milhões de pessoas (dizem). Só quem convive de perto com alguém verdadeiramente apaixonado por um clube, percebe o que isto é. Domingo e segunda foram para esquecer. E os níveis de produtividade devem ter estado muito por baixo.
Depressa chegou terça-feira. E a "chama imensa" reacendou-se na esperança da Europa. O sonho podia acontecer e já não se conseguia pensar noutra coisa. Quarta-feira então, era impossível. E das duas uma, ou se fez a viagem até à Holanda e o trabalho ficou para trás, ou se gastou parte do dia em telefonemas, combinações, picardias ou apostas. Produtividade, muito próxima do zero.
Embora o jogo tenha sido disputado lá longe, mais perto dos canais holandeses do que do leão que prometia homenagem à águia, a verdade é que, mais uma vez, se tivessem ganho o jogo, Lisboa teria assistido a uma verdadeira enchente lá para o centro da cidade. Centenas de polícias deverão ter estado, uma vez mais, de prevenção e terão certamente sido pagos por isso.
Mas o sonho não aconteceu. A tristeza e o desânimo voltaram. E mais um dia foi perdido. Ou na viagem de regresso, ou nas conversas sobre a razão para o sucedido. Mais um dia de produtividade zero.
No próximo Domingo a coisa piora. Matematicamente tudo é ainda possível, o que significa que a festa tanto pode acontecer a Norte como a Sul. Ou se enchem os Aliados, ou se enche o Marquês. E isso obriga a duplicar o número de polícias disponíveís em ambos os locais. E a segunda-feira será, por uma razão ou por outra, parca em produtividade.
A semana irá passar, qualquer que seja o resultado, e mais um jogo decisivo. Final da Taça de Portugal. De novo o Benfica, de novo a Capital. De novo o Norte, agora ainda mais acima, no berço da nação. A mesma conversa sobre prevenção, policiamento e respectivo pagamento. Mais um Domingo, e a inevitável quebra de produtividade na segunda-feira. Uns pelo cansaço dos festejos, outros pela desilusão da derrota.
Ora, isto sai caro. Sai demasiado caro a um país que não tem nada para gastar. Sai caro a um país que discute a baixa das pensões - já de si baixas - daqueles que trabalharam toda a vida.
Mas que importa isso se o futebol é uma alegria? E anima o Povo! Viva o futebol!
E perante isto, eu acho que nós, Sportinguistas, que este ano nada contribuímos para isto, devíamos ter uma redução nos impostos. Na factura dos esgotos, ou assim. Eu acho!
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