sexta-feira, 26 de agosto de 2011

o enredo clássico - 3º exercício

Quando o despertador tocou às 7 da manhã, Joaquim deu um salto da cama e aterrou directamente na banheira. Sabia que nesse dia não lhe era permitido adiar os normais 10 minutos antes de se levantar. Tinha marcado um encontro com o Director da escola e um representante do Ministério da Educação e não queria de maneira alguma atrasar-se. Iriam discutir-se propostas de melhoramento da escola, na sua maioria sugeridas pelo Joaquim, e era uma honra que o director o tivesse convidado a participar. Vestiu-se e bebeu à pressa um copo de leite. Sabia que sair de casa sem comer, era meio caminho andando para um dia menos produtivo.

Não tinha ainda chegado ao final do lance de escadas que dava acesso à porta do prédio, quando começou a ouvir a D. Gertrudes a gritar do lado de fora:

- Sr. Professor, Sr. Professor! Venha depressa, sabe lá o que aconteceu!

Joaquim abriu a porta do prédio e por momentos teve dificuldade em encarar a luz. Os dias de Verão são pródigos em presentear-nos com uma luminosidade matinal que fere a vista dos que ainda mal passaram do sono à vigília.

- D. Gertrudes! Aconteceu alguma coisa?

- Oh Sr. Professor! Mas o senhor não ouve notícias de manhã? Venha comigo que lhe mostro o jornal!

Joaquim ainda tentou perguntar qualquer coisa, mas aquela mulher furacão, típica mulher do Norte, agarrou-o pelo braço e conduziu-o até à mercearia.

Na primeira página do jornal lia-se:”Director de Escola Primária detido por Tráfico de Armas”. A fotografia, impressa em tamanho grande sem contemplações, não deixava dúvidas, era o director da escola do Joaquim.

- Mas isto não pode ser D. Gertrudes! Eu conheço bem o Dr. José Luís Matoso. É um homem sério. Há aqui qualquer engano, tenho a certeza. Além disso eu tenho uma reunião marcada com ele para hoje, para agora! Uma reunião importante! Isto não pode ser… - Joaquim estava incrédulo. Podia pensar em muita gente que conhecia capaz de uma coisa daquelas, mas não o director da sua escola, pessoa que tinha aprendido a admirar e a respeitar.

- E agora o que é que eu faço D. Gertrudes? Vou sozinho ao Ministério? Eles querem lá saber de mim! Ainda pensam que também tenho alguma coisa a ver com isto!

- Dessas coisas dos Ministérios eu não percebo nada, mas só lhe digo Sr. Professor, é preciso muito cuidado com as companhias, isso é que é!

Perdido entre o espanto e a decepção, Joaquim saiu para fora da mercearia com um único pensamento: O que é que eu faço?

O Sol bateu-lhe em chapa nos olhos e não só lhe iluminou a vista, como lhe iluminou o espírito.

- Vou ao Ministério! Não tenho nada a perder.

Conseguiu chegar em cima da hora combinada, 8 e meia da manhã. Parecia haver ainda poucas pessoas no edifício. Dirigiu-se ao segurança, apresentou-se e disse ao que ia.

- Pode subir. O Sr. Dr. está à sua espera. Apanha aquele elevador e sai no 5º piso. É a 3ª porta à esquerda no corredor.

Com o coração a bater a um ritmo acelerado, aquela viagem de 5 andares mais parecia a subida ao cimo da Torre Eiffel. Seguiu as instruções do segurança e bateu à porta.

- Entre, entre – disse uma voz masculina vinda de dentro do gabinete.

Joaquim entrou.

- Estava à sua espera – o homem era alto e de porte imponente, mas ainda assim com um semblante simpático.

- Não tinha a certeza se deveria vir, dadas as circunstâncias… - Joaquim não sabia se deveria abordar o tema, mas não havia forma de o evitar.

- Fez muito bem em vir. Deixemo-nos de rodeios. A escola primária do Bairro das Fontes onde o senhor lecciona, precisa desde hoje de manhã de um director. O lugar é seu!

Joaquim ficou perplexo. Esta reunião revelava-se ainda melhor do que prometera.

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