quarta-feira, 31 de agosto de 2011

sonhos 6#

Ao sair do edifício no final do curso de escrita, está a Rainha de Espanha à minha espera. Sim, a Rainha Sofia. Só que no sonho eu não a vi como a Rainha Sofia, apenas como uma senhora que me era familiar.
E esta senhora que estava à minha espera, vinha da parte de alguém que me tinha recomendado. Alguém que no sonho fez todo o sentido para mim, mas que acordada já não me lembro quem era.
Queria então a "Rainha Sofia" convidar-me a concorrer ao concurso para golfinho promovido pelo Benfica. Sim, pelo Sport Lisboa e Benfica. Ora, não sabendo eu (nem a dormir nem acordada) o que é isso do concurso para golfinho, e não sendo eu (nem a dormir nem acordada) do Benfica, fiquei um pouco renitente em aceitar.

O telemóvel tocou entretanto. Do outro lada da linha estava uma pessoa com quem não falo para aí há 10 anos (uma amiga com quem deixei de ter contacto). Diz ela do outro lado da linha estou! eu sei que não falamos há muito tempo, digo eu deste lado não faz mal, faz de conta que falámos ontem. mas olha,agora estou com uma senhora, podemos falar daqui a 10 minutos? e ela responde sim, mas liga mesmo, é mesmo importante e eu respondo sim eu ligo e ela reforça como se aquilo fizesse sentido para mim é sobre Espanha! E eu desligo sem perceber que importância podia ter o que ela me queria falar de Espanha. E só quando acordei e me lembrei do sonho percebi que à minha frente tinha a Rainha de Espanha e que aquela pessoa com quem eu não falava há 10 anos me queria falar de Espanha.

Adiante.

Ainda com a Rainha ao meu lado, estou eu do outro lado da rua do prédio onde moram os meus Pais. Na janela imediatamente abaixo da deles, estão a jantar uma senhora que conheci e já morreu, com o marido, o filho que nunca teve e a sua namorada negra. No sonho estava consciente de que alguém tinha morrido, mas agora não sei quem era. Só sei que não era a senhora que ali estava.


Alguém tem notícias de Espanha?

a percepção dos outros


Vamos por partes.
Falar sobre a percepção dos outros, implica tomar uma decisão: falar sobre a percepção que eu tenho dos outros, ou sobre aquela que os outros têm de mim?
A abordagem fará toda a diferença. Não apenas no discurso, mas também na percepção que de mim terá quem me ouve.
Se me centrar na percepção que os outros – vocês! – têm de mim, poderá parecer um discurso algo narcisista e egocêntrico. Mas se me detiver na percepção que eu tenho dos outros, corro o risco de parecer arrogante.
O melhor será, talvez, focar-me no abstracto. Não quero gerar más percepções.
A verdade, é que temos em nós a ideia de que somos seres absolutamente singulares. Mas – pasmem-se – não somos! Somos sempre dois: o eu e o outro.
Eu, apenas e só para nós próprios. O outro para todos aqueles que connosco inter-agem. E perante este facto inegável, fica demonstrada a teoria de que todos nós sofremos de dupla personalidade. Resta apenas saber até que ponto temos essa consciência.
Está provado que são precisos apenas 30 segundos para formarmos uma opinião sobre alguém que acabamos de conhecer. A forma como se apresenta, como nos cumprimenta, como se veste, como fala, tudo contribui para que inconscientemente coloquemos esse indivíduo numa determinada categoria. Categoria essa construída por nós, pela experiência que temos, pela pessoas que fomos conhecendo ao longo da vida, pelo facto de existirem comportamentos recorrentes em pessoas com determinadas características. Ou, pelo menos, essa é a nossa percepção. E essa ideia que construímos, certa ou errada, irá condicionar toda a nossa atitude perante esse outro, pelo menos até (nos) darmos a oportunidade de deixar de o encarar como um simples outro e passarmos a encará-lo como um eu.
Um eu singular, dono dos seus valores, das suas convicções, do seu livre arbítrio. Dono das suas decisões, tão legítimas quanto as nossas, mas que podem muitas vezes não ir ao encontro daquilo que seriam as nossas escolhas.
Quão mais fácil seria a vida se tivéssemos a capacidade de nos pormos no lugar do outro em todas as circunstâncias? Quantos problemas evitaríamos? Quantos mal-entendidos deixariam de existir se percebêssemos que afinal, pode não haver uma maneira certa e outra errada de agir? Que pode haver apenas uma maneira diferente, mas igualmente válida, daquela pela qual nós optaríamos?
A velha questão é simples: e se todos gostássemos de amarelo? Sim, se todos gostássemos de amarelo o que seria do vermelho-vivo que representa o sangue, a vida, o que seria do azul celeste que nos remete ao céu, o que seria da sobriedade do preto ou da candura do branco? O que seria de nós, se não existissem pessoas que pensam diferente? O que seria da física sem o Einstein? Em que ponto estaríamos se, o então considerado louco Galileu, não tivesse descoberto que afinal é a Terra que gira à volta do Sol e não o contrário? Como saberíamos que o amor é fogo que arde sem se ver se não tivéssemos dado ouvidos a Camões?
Olhemo-nos ao espelho. Olhemos para fora de nós próprios como se fosse outro a olhar-nos. Encontremos todos os defeitos, todas as falhas, todas as imperfeições. Estendamos a mão em frente ao espelho e de volta teremos uma mão estendida para nós. Experimentemos recuar. Apenas iremos ganhar maior distância de nós próprios.
Se a imagem no espelho for o outro, então tudo o que damos será tudo o que recebemos. Gravemos a nossa voz para a ouvir depois. Poucos se reconhecem. Essa voz não é a minha. Sim, é a nossa. Mas ouvida de fora e não ouvida de dentro.
Este é o poder da percepção: depende sempre e em cada momento do ponto em que nos encontramos.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

o enredo clássico - 3º exercício

Quando o despertador tocou às 7 da manhã, Joaquim deu um salto da cama e aterrou directamente na banheira. Sabia que nesse dia não lhe era permitido adiar os normais 10 minutos antes de se levantar. Tinha marcado um encontro com o Director da escola e um representante do Ministério da Educação e não queria de maneira alguma atrasar-se. Iriam discutir-se propostas de melhoramento da escola, na sua maioria sugeridas pelo Joaquim, e era uma honra que o director o tivesse convidado a participar. Vestiu-se e bebeu à pressa um copo de leite. Sabia que sair de casa sem comer, era meio caminho andando para um dia menos produtivo.

Não tinha ainda chegado ao final do lance de escadas que dava acesso à porta do prédio, quando começou a ouvir a D. Gertrudes a gritar do lado de fora:

- Sr. Professor, Sr. Professor! Venha depressa, sabe lá o que aconteceu!

Joaquim abriu a porta do prédio e por momentos teve dificuldade em encarar a luz. Os dias de Verão são pródigos em presentear-nos com uma luminosidade matinal que fere a vista dos que ainda mal passaram do sono à vigília.

- D. Gertrudes! Aconteceu alguma coisa?

- Oh Sr. Professor! Mas o senhor não ouve notícias de manhã? Venha comigo que lhe mostro o jornal!

Joaquim ainda tentou perguntar qualquer coisa, mas aquela mulher furacão, típica mulher do Norte, agarrou-o pelo braço e conduziu-o até à mercearia.

Na primeira página do jornal lia-se:”Director de Escola Primária detido por Tráfico de Armas”. A fotografia, impressa em tamanho grande sem contemplações, não deixava dúvidas, era o director da escola do Joaquim.

- Mas isto não pode ser D. Gertrudes! Eu conheço bem o Dr. José Luís Matoso. É um homem sério. Há aqui qualquer engano, tenho a certeza. Além disso eu tenho uma reunião marcada com ele para hoje, para agora! Uma reunião importante! Isto não pode ser… - Joaquim estava incrédulo. Podia pensar em muita gente que conhecia capaz de uma coisa daquelas, mas não o director da sua escola, pessoa que tinha aprendido a admirar e a respeitar.

- E agora o que é que eu faço D. Gertrudes? Vou sozinho ao Ministério? Eles querem lá saber de mim! Ainda pensam que também tenho alguma coisa a ver com isto!

- Dessas coisas dos Ministérios eu não percebo nada, mas só lhe digo Sr. Professor, é preciso muito cuidado com as companhias, isso é que é!

Perdido entre o espanto e a decepção, Joaquim saiu para fora da mercearia com um único pensamento: O que é que eu faço?

O Sol bateu-lhe em chapa nos olhos e não só lhe iluminou a vista, como lhe iluminou o espírito.

- Vou ao Ministério! Não tenho nada a perder.

Conseguiu chegar em cima da hora combinada, 8 e meia da manhã. Parecia haver ainda poucas pessoas no edifício. Dirigiu-se ao segurança, apresentou-se e disse ao que ia.

- Pode subir. O Sr. Dr. está à sua espera. Apanha aquele elevador e sai no 5º piso. É a 3ª porta à esquerda no corredor.

Com o coração a bater a um ritmo acelerado, aquela viagem de 5 andares mais parecia a subida ao cimo da Torre Eiffel. Seguiu as instruções do segurança e bateu à porta.

- Entre, entre – disse uma voz masculina vinda de dentro do gabinete.

Joaquim entrou.

- Estava à sua espera – o homem era alto e de porte imponente, mas ainda assim com um semblante simpático.

- Não tinha a certeza se deveria vir, dadas as circunstâncias… - Joaquim não sabia se deveria abordar o tema, mas não havia forma de o evitar.

- Fez muito bem em vir. Deixemo-nos de rodeios. A escola primária do Bairro das Fontes onde o senhor lecciona, precisa desde hoje de manhã de um director. O lugar é seu!

Joaquim ficou perplexo. Esta reunião revelava-se ainda melhor do que prometera.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

manhãs

Manhã difícil.

Devo ter desligado o despertador uma cinco vezes, depois de uma noite que me (re)lembrou a razão pela qual a minha filha é, e sempre será, filha única.

Em modo rápido e automático, começo a rotina da manhã.

Lembro-me do texto que escrevi ontem e sorrio. Saiu-me bem.

Lembro-me do texto que tenho para fazer. Entro no banho. O banho tem sempre esta capacidade de activar my little grey cells - como diz o Poirot.

O texto começa a crescer dentro de mim. E eu atrasada. Saio do banho, pego no bloco de notas e começo a registar algumas ideias. Pronto, agora já está!  A ver se me despacho.
Começo a secar o cabelo. Ao invés de o barulho abafar os meus pensamentos, parece que os potencia. E o texto a crescer ainda mais dentro de mim. E lá vou outra vez escrever o que me vai na alma, que isto da inspiração às vezes apanha-nos desprevenidos.

Decido que não vou pensar mais nisso. Não tenho tempo. Era coisa para me agarrar ao papel durante uns 20 minutos.E viro a agulha para outro lado. Afogo os pensamentos e mato a inspiração.

E começo a pensar como descreveria a minha manhã. E o texto começa a crescer dentro de mim.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

momento de tensão - 2º exercício

Joaquim elegia uma matéria por dia para leccionar. Acreditava que era mais fácil para as crianças apreenderem os ensinamentos e não misturarem hemisférios com ditongos e subtracções com planetas. Na sala quadrada, pequena demais para albergar os corpos pertencentes aos 20 pares de olhos brilhantes e ávidos de aprendizagem, existiam 10 mesas dispostas em duas filas viradas para o quadro de giz. A secretária do professor ficava de frente para os alunos, à esquerda do quadro, no cimo do estrado de madeira. Grandes janelas viradas para o pátio permitiam a existência de luz natural. Na parede oposta, armários repletos de   livros, folhas, cadernos, cartolinas e uma infinidade de material escolar. Ao fundo, o mapa-mundo, cenário de grandes viagens em dias de aprender quem fomos e onde estamos.
Virado para o quadro, Joaquim escrevia no quadro o problema que, voluntariamente, um dos alunos viria resolver. Com quantas bolachas ficaria cada menino depois de o Joãozinho dividir com os seus 3 amigos, as 20 que tinha?
Estava ainda a terminar de escrever o enunciado, quando o chão lhe parece fugir dos pés. Numa vertigem inexplicável vira-se para trás numa tentativa de perceber o que se passava. Sentiu-se como numa montanha-russa e apenas conseguiu manter-se de pé agarrando-se ao quadro. Os armários abanavam, enquanto livros, lápis, canetas e réguas caiam violentamente no chão e dezenas de folhas esvoaçavam.
Os olhos das crianças fixavam-no num misto de medo, dúvida e súplica. Algumas gritavam, outros choravam. Duas meninas agarradas uma a outra, rezavam entre lágrimas e soluços.
Joaquim sentiu o coração parar. Não como pára como quando se morre. Mas como se todo o seu medo, a sua angústia, o seu pânico tivessem desaparecido de repente. O chão abanava debaixo dos seus pés mas Joaquim nem o sentia. Era uma rocha de grandes raízes que tremor nenhum conseguia mover.

- Não tenham medo!- a voz soou firme, num tom baixo e sereno. As crianças a olhá-lo sem saberem o que fazer. Desceu rapidamente do estrado, e entre a pressa de chegar e o desequilíbrio do chão que foge, quase caiu. Dirigiu-se à fila de mesas mais próximas dos armários, que a qualquer momento podiam tombar sobre as crianças.
-Vão para cima do estrado. Não se atropelem! -continuava num registo sereno, como se não estivesse a acontecer coisa nenhuma.

Foi dando a mão um a um, indicando-lhes o caminho para o estrado que lhe pareceu ser o local mais seguro dentro da sala. Fez o mesmo com as crianças da fila mais próxima da janela e depois de assegurar que já todas estavam onde indicara, juntou-se a elas.

- Fiquem juntos, dêem as mãos. Não tenham medo, vai correr tudo bem! – Joaquim esforçou-se por tocar todos os meninos, num abraço gigante que lhes transmitisse o calor necessário para os apaziaguar.
De repente, tudo parou. Um silêncio absoluto desabou sobre eles. O chão, que já não tremia, parecia continuar a tremer. Os armários já não abanavam mas pareciam ainda mexer. Baixinho, as crianças choravam. Joaquim respirou fundo e sentiu o coração começar a bater com força. Como se tivesse estado parado e tivesse voltado com toda a fúria necessária para fazer o sangue circular de novo. O chão já não tremia. Quem tremia agora era o Joaquim.

:-)

Ouvir da boca de quem tem 4 livros publicados que se escreve bem,
 é coisinha para alimentar o ego durante uns dias!

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

o começo - 1º exercício

A chegada a Lisboa fez-se debaixo de uma chuva intensa de pingos grossos, e de um frio que trespassava os agasalhos que trouxera na bagagem de mão, a imaginar o que o esperava. Clima bem diferente do que deixara em Angola, sua terra-natal, onde o calor permitia a leveza das roupas e a liberdade de movimentos, tornando mais verdadeiras as acções e mais puros os sentimentos.

Joaquim Afonso sabia que, depois do que vivera, tudo seria diferente. É certo que a casa estaria no mesmo lugar. Os meninos a quem ensina a ler e a escrever todos os dias, sentar-se-iam nas mesmas cadeiras em frente ao quadro de giz, onde os números se tornavam contas e as letras contavam histórias. A D. Gertrudes da mercearia gritar-lhe-ia, ao vê-lo a sair do prédio todas as manhãs: “Bom Dia Sr. Professor”, e ele responderia, invariavelmente: “Será um bom dia se nós quisermos D. Gertrudes!” Tudo isto estaria como o Joaquim deixara. Mas o Joaquim que vinha não era o mesmo Joaquim que se ausentara há apenas um mês.

Há coisas que mudam um homem para sempre.

escrever escrever


Escrever revela-se mais fácil do que eu julgava ser capaz...

and yet 

... muito mais difícil do que eu imaginava.

Não faz sentido nenhum, eu sei, mas é exactamente isto que eu sinto.

a ler: a casa-comboio


Prémio literário revelação Agustina Bessa-Luís, 2009

Uma família indo-portuguesa. Um século de história. Quatro gerações que evocam 450 anos de aventura mítica, nos quais a Índia longínqua era portuguesa.

Em pano de fundo, a partida, o acaso e a sorte de quem se vê constantemente obrigado a fazer as malas, o desenraizamento, a inquietação, o inesperado, a imprevisibilidade dos destinos que se cruzam. A imagem dada pelo título é elucidativa: uma casa em movimento. Uma narrativa de uma surpreendente beleza poética. Uma verdadeira revelação. O enredo deste romance baseia-se na aventura de uma família indo-portuguesa, originária de Damão, que sobrevive e se adapta à turbulenta História mundial do último século, evocando uma saga nos tempos em que a Índia longínqua era portuguesa. Quatro gerações habitam Nagar-Aveli, Damão e, por fim, Lisboa. Uma casa é abandonada para sempre. Este romance histórico é baseado num relato verídico.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

um dia comum

O homem velho fez-se de engraçado à empregada brasileira que, mantendo a educação e o profissionalismo, lhe mostrou que não estava disponível para brincadeiras.

O casal almoçou lado a lado. Para assegurar que os seus olhos não se cruzavam.
Não trocaram uma palavra. Não trocaram um gesto. Estão juntos, mas já nem sabem porquê.

Eu bebi um café numa montra de vidro onde as dezenas de bombons e trufas de chocolate de todas as qualidades pareciam gritar: "pick me, pick me". E eu a ignorá-los.

Os livros estavam estrategicamente dispostos nas prateleiras, prontos a serem levados para casa, folheados e lidos a fim de se sorverem todas as palavras.

São assim, as palavras, as mesmas todos os dias. Mas com diferentes significados dependendo da junção que se faz.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

o que nasce connosco fica connosco


Julho de 1978
(4 anos.. quase)

perfeito livro de verão


Sexo e a Cidade -Como tudo começou...

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

o maravilhoso mundo das tecnologias


Sou daquelas pessoas que, não percebendo nada de tecnologias, se deslumbra com as suas incríveis potencialidades.

Descobri o Dropbox e estou maravilhada. Então não é que posso ter acesso a todos os meus ficheiros em qualquer lugar, sem ter que os enviar por email ou gravar numa pen? Que aquilo que faço no computador de casa estará automaticamente actualizado no email do trabalho ou na minha mão (leia-se smartphone) esteja eu na praia ou na mesa da esplanada? E, não contentes com esta possibilidade individual, é possível partilhar pastas com quem quisermos?

E esta coisa verdadeiramente espantosa que são os smartphones que nos permitem ter "o mundo na mão" onde quer que estejamos, usar aplicações absolutamente fúteis e desnecessárias mas que nos dão um enorme gozo, ou aquelas que sempre precisámos e nem sabíamos, fazer fotos e videos em 3D ou simplesmente jogar o que quisermos quando quisermos?

Sei que há por aí mais uma série de funcionalidades que me estão a passar ao lado, mas que irei descobrir mais dia menos dia. E vou voltar a deslumbrar-me com este maravilhoso mundo das tecnologias que continuo sem perceber muito bem como funciona, mas que me dá um jeito do caraças.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

ready to start

domingo, 7 de agosto de 2011

expressões populares

pérolas aos porcos, algo de muito valor posto à disposição ou ao alcance por quem não o merece por não estar à altura da sua qualidade.

dor de cotovelo, inveja.

Era só isto.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

o vizinho do lado

Cruzamo-nos, ao longo da vida, com milhares de pessoas.
Conhecemos centenas.
Privamos com mais ou com menos pessoas consoante o nosso estilo de vida.

Ao nosso lado, na casa colada à nossa, na secretária à nossa frente, na loja da esquina que frequentamos habitualmente, vivem pessoas que não sabemos quem são.
São mais ou menos simpáticas.
São mais ou menos educadas.
Sao mais ou menos atenciosas.
Há algumas de quem até gostamos, não temos nada a dizer.

E todos os dias ouvimos as notícias e encontramos mais um caso de alguém que foi morto, assaltado, violado. Mais um professor que abusava das alunas, mais um predador sexual que usava a net para se fazer passar por quem não era e coleccionar vítimas, mais um simples engenheiro de telecomunicações que aterrorizava jovens, mais um padre que olhava pelo seu rebanho com "demasiada atenção".

E tudo isto longe.
Sempre muito longe.
Sempre numa realidade paralela.

Estas pessoas não têm cara, não têm nome, não têm voz e por isso existem simplesmente por aí. E nós seguimos por aqui. E lá esquecemos mais um crime considerado hediondo por todos, mas que rapidamente cai no esquecimento porque não está próximo de nós.

Até aquele dia.

Até ao dia em que o criminoso passa a ter cara, passa a ter nome, passa a ter voz.
Conhecemos-lhe a cara, sabemos-lhe o nome, reconhecemos-lhe a voz.

É alguém que vive ao nosso lado, que trabalha connosco. Alguém com quem privámos muitas vezes ou, pelo menos, mais vezes do que o agora desejado. No pior dos casos é nosso amigo, nosso familiar.

Como eu percebo o Pai daquele lunático Norueguês quando diz que o filho se devia ter suicidado em vez de ter morto todas aquelas pessoas.
E nesse dia constatamos mais uma vez, que nunca conhecemos verdadeiramente as pessoas. Que, como diz o ditado, quem vê caras não vê corações.
E que por muito que o nosso instinto sempre nos tenha dito que havia algo de muito errado com aquela pessoa, nada nos prepara para o facto de em alguma altura da vida termos privado com um criminoso.