Quando oferecemos um presente a alguém, temos duas hipóteses: ou oferecemos algo que sabemos que a outra pessoa vai gostar, ou oferecemos algo que nós próprios gostaríamos de receber.
Tendencialmente, numa manifestação de egoísmo que caracteriza o ser humano, acabamos por escolher o que nós gostaríamos que nos oferecessem. Escolhemos em função do nosso gosto, da nossa experiência, das nossas necessidades.
Assim são as empresas. Quantas empresas perdem tempo e dinheiro a oferecer-nos serviços ou produtos que nós não queremos, que nós não precisamos e que, em alguns casos, até pagaríamos para não ter.
Sendo geridas por pessoas, as empresas tendem a oferecer ao consumidor aquilo que pensam que ele quer, em vez de lhe perguntarem directamente “de que é que precisa?, o que é que o faria feliz?”.
Decidem o lançamento ou não de novos produtos/serviços e a forma de os comunicarem, com base em “estudos de mercado caseiros”, feitos junto daqueles com quem mantêm um relacionamento próximo que, por isso mesmo, terão opções e gostos muito semelhantes. É normalmente uma coisa muito técnica e científica, altamente representativa do público a que se destina, tipo: “olha lá, o que é que achas de lançar um vinho com sabor a cerveja?”, “que boa ideia pá!”. E pronto, está feito meio caminho para mais um flop que tinha tudo para dar certo.
Felizmente, são cada vez mais as empresas que têm um visão de marketing do seu negócio, e que percebem que existem para satisfazer o cliente. E para isso precisam de o conhecer, precisam despender tempo a perceber o que o consumidor procura e oferecer-lhe um produto/serviço à sua medida. Precisam de perceber e aceitar que o consumidor é cada vez mais informado e cada vez mais exigente.
Oferecer o produto/serviço certo ao cliente é a melhor (e única!) forma de atingir o objectivo do negócio: o lucro. Se o consumidor está interessado experimenta. E se experimenta e gosta compra outra vez. E se compra significa que a empresa vende e, – se as contas estiverem certas – tem lucro com a venda.
Se o marketing não tivesse evoluído e não fosse hoje uma realidade empresarial, continuaríamos todos a poder escolher a cor do nosso carro, desde que fosse preto (como dizia Henry Ford).
Se todos nós não tivéssemos aumentado o nosso grau de exigência, não só quando compramos, mas também quando oferecemos, continuaríamos todos a receber daquela Tia, uma meias (bem quentinhas) pelo Natal!
nem por acaso...
ResponderEliminarontem, conferência ICSC | Lisboa
entre outras apresentações, uma que no meio diz:
80% dos produtos lançados todos os anos têm uma duração inferior a ..... um ano.
Simon Harrop
CEO and founder,
Brand Sense Agency, UK
vinho com sabor a cerveja? já devemos ter estado mais longe :D