quarta-feira, 27 de julho de 2011

choque em cadeia

choque em cadeia

Juro que quando marcámos as férias fizemos as malas e rumámos à praia, éramos 3.

Essa era, aliás, a ideia-base. Virmos os 3 de férias, sem amigos, sem família.  Uma ou outra visita que nos acalorava os dias, mas depois o sossego outra vez.

Assim foi durante a primeira semana. Praia com espaço, piscina sem ninguém, vila com pouca gente. O tão desejado sossego depois de um ano de pessoas, horários, actividades.

Decidimos este ano que a segunda semana de férias poderia ser passada no Algarve. Em busca de noites quentes e águas que nos permitissem tomar longos banhos sem medo de enregelar assim que se põe o pé.

E cá viemos. Os 3.

Tudo pronto e lá fomos nós para a praia a pensar que encontraríamos o paraíso perdido.

O parque de estacionamento tinha bastantes carros, mas havia ainda muitos lugares, nada preocupante. Mas assim que pusemos o pé no último degrau de acesso à praia o sonho desvaneceu-se. Ao longo do areal a visão era assustadora. Chapéus de sol, uns ao lado dos outros, dezenas, centenas. Um choque em cadeia consegue ter mais espaço entre os carros acidentados.

A vontade era de voltar para trás, mas o mar estava apetecível e por isso pensámos: “não pode ser assim tão mau!”

E lá começamos a andar. À procura de um espaço onde coubéssemos os 3. Onde coubéssemos não. Onde pudéssemos estender a toalha à vontade. Somos assim. Anti-sociais. Gostamos de vir sozinhos para a praia.

Encontrámos um local minimamente afastado. Demasiado perto para o nosso gosto mas onde poderíamos estar a conversar sem que o vizinho do lado ouvisse a conversa. Durou pouco. Quando demos por nós, fomos cercados por chapéus, toalhas, pessoas. “Os teus tios também vieram?!”, “Olha, eu a pensar que tínhamos vindo só os 3 e afinal somos muitos!”

Água. Na água não está assim tanta gente.

Estender ao Sol. Deito-me e quando levanto a cabeça assusto-me. Tenho à minha frente a cabeça de uma senhora deitada de barriga para baixo. A visão que tenho é que ela tem a cabeça no meio das minhas pernas! A sério. Os 3 pêlos que de manhã pensei que podia deixar para tirar mais tarde porque só se alguém estivesse em cima de mim veria, tomaram neste momento uma proporção gigantesca. A imagem é assustadora! Não quero estar na praia, levantar a cabeça, espreitar por entre as pernas e ver uma cara a olhar para mim!

Dou um salto na toalha e sento-me quase encolhida. Haverá espaço para mim?

As pessoas continuam a chegar. Um pouco mais à frente há um espaço que para mim daria para uma toalha se tivesse vindo com as pessoas que ali estão perto.Mas há uma família que se apodera dele. São duas, são três , são quatro pessoas. Mais o chapéu de sol, as toalhas, os brinquedos e a lancheira.

Há revistas Marias e Marianas onde se conseguem ler os artigos:”Apimente a sua relação, convide uma amiga e façam-lhe um strip-tease”. Obrigadinha mas dispenso o conselho, eu cá me arranjo!

E com muita pena de toda aquela gente, que gosta de manifestar o calor português quando toca a confraternizar, arrumamos as coisas e vamos embora mais depressa do que chegámos. Na piscina há sempre uma espreguiçadeira vazia à nossa espera.

1 comentário:

  1. Acontece sempre.
    É triste mas é verdade que cada vez mais há falta de respeito. Pelos outros e pelo seu espaço.
    E nós também somos assim, bicho-do-mato que gostamos de estar afastados dos outros na praia...
    Isso aconteceu precisamente na Arrifana há 2 dias. colocámos a toalha longe de todos, quando regressamos da água estava uma família em peso precisamente com os pezinhos na sombra do nosso chapéu...
    Nem quero saber.
    Coloquei a música no iphone nos ouvidos e adormeci.

    beijos**

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