Não há outra maneira de dizer isto: as separações são uma merda!
Mesmo quando são amigáveis, quando são consensuais, quando são o melhor para ambas as partes, continuam a ser uma merda.
É preciso reorganizar tudo. Reorganizar o espaço ,ou até encontrar um novo; se houver filhos é preciso decidir o poder paternal e fazer as escalas das visitas - como se houvesse limite de tempo para se ser Pai ou Mãe; dividir o faqueiro; comprar novo o que não nos calhou nas partilhas; decidir quem herda os amigos.
E mais difícil e importante de tudo: que tipo de relação vai existir daí para a frente? Querem ou não aquelas duas pessoas continuar na vida um do outro? Mais simplesmente: querem ou não ficar apenas e só amigos? E será possível que o sejam?
Há poucos dias fui a um jantar onde estavam cerca de 16 pessoas. Entre essas pessoas dois casos interessantes. Dois homens com as respectivas mulheres e na mesa as respectivas ex-mulheres. E não pensem que as ex-mulheres estavam sentadas na outra ponta da mesa. Não. As ex-mulheres estavam ao lado das mulheres em amena cavaqueira.
Para a maioria esta situação é estranha. Porque por algum motivo que eu não percebo, as pessoas acham que quando um casal se separa tem que deixar de se falar para todo o sempre (excepção feita a quem tem filhos e aí apenas para falar da pensão de alimentos) e normal, normal, será que se deseje no seu íntimo algum mal – ainda que menor – à outra parte.
É óbvio que tem que haver um período de luto. Como acontece quando morre alguém de quem gostamos e que fazia parte da nossa vida. Um período em que nos organizamos por dentro, em que encontramos uma nova forma de estar e de ser sem aquela pessoa. Temos que aprender a viver sem ter ao lado quem nos acompanhou durante anos, para depois podermos perceber que tipo de lugar essa pessoa pode ocupar na nossa vida.
Se durante um determinado período de tempo, mais ou menos longo, fomos companheiros de viagem, a menos que haja uma razão muito forte, ou que o caso esteja mal resolvido, não há razão para essa pessoa ter que deixar, para sempre, de fazer parte da nossa vida. É uma opção - mais uma – que ambos terão que fazer (e talvez ai resida o problema). Mas há que dar espaço e tempo para que cada coisa tome o seu devido lugar.
Aceitar como amigo alguém que foi mais do que isso é um processo de aprendizagem. É preciso reaprender o cumprimento, reaprender o trato, reaprender o convívio. É deixar para trás a frustração de se ter falhado aquela relação e perceber que se ficou com o melhor. É perceber que os anos que passaram valeram a pena e não foram apenas desperdiçados numa relação falhada. É ter o caso resolvido.
E passado algum tempo, o tempo que for preciso e que depende de cada um, é possível (re)encontrar o outro como amigo. Até lá, volto a dizer: as separações são uma merda!
São mesmo!
ResponderEliminarPara mim o mais difícil é mesmo essa capacidade de conseguir não odiar a outra pessoa!
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E é que são mesmo...
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