Tenho coisas para fazer.
Tenho sempre tantas coisas para fazer que me sobra tempo nenhum para "Não Fazer nada". E "Não Fazer Nada" é uma das coisas que ponho na lista das coisas para fazer.
Por "Não Fazer Nada", entendo sentar-me em frente à televisão a ver um filme ou um episódio de uma das minhas séries preferidas, que vou gravando semana atrás de semana.
"Não Fazer Nada" é deitar-me a ler um livro por prazer.
"Não fazer nada" é sentar-me a escrever o que me vai cá dentro.
"Não Fazer Nada" é ir ao cinema, é ir ver as montras, é ir passear no Chiado, é ir comer petiscos com amigos.
No fundo, de todas as coisas que tenho para fazer, é quando "Não Faço Nada" que enriqueço por dentro. Que aprendo coisas novas. Que encho a minha alma com novas ideias, novos sentimentos,com novos sabores, com novos aromas.
E é no meio destas vontades que encontro a contradição.
"Não fazer Nada" é uma expressão que diz exactamente o contrário daquilo que queremos dizer.
Se dizemos que "não queremos fazer nada", então estamos a dizer que queremos fazer alguma coisa. Porque "nada" é a ausência de acção e sendo a frase posta na negativa, logo, queremos fazer alguma coisa. É uma questão de semântica, que ilustra bem que são esses "nadas" que tanto queremos fazer, que nos dão a força para conseguirmos fazer o "tudo" que a rotina nos exige.
E chegamos aquele lugar comum do "eu queria mais horas no meu dia". Não. O que eu queria eram muito mais "Dias" nas minhas horas.
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