quinta-feira, 16 de maio de 2013

devíamos ter um desconto, eu acho!

Caramba! Que caro que nos sai o futebol!
E não estou a falar do que nos custa emocionalmente.
Das tristezas que provoca em alguns.
Das desavenças que gera entre cores diferentes.
Das amizades azedadas por diferença de opiniões entre a existência, ou não, de um pénalti mais duvidoso.

E também não estou a falar do que custa a cada um dos adeptos cada bilhete de jogo, cada viagem feita para acompanhar o clube, cada gasto acessório. Isso é lá com cada um, e cada um saberá (ou não) das suas finanças.

Estou mesmo a falar do que o futebol custa ao país, pelo que exige de extras no orçamento e pela diminuição de produtividade que gera.

No fim de semana passado, as probabilidades de o Benfica se sagrar campeão nacional eram elevadas. O Dragão acolhia o Benfica para um jogo que podia resolver o campeonato. Na 6ª feira, adeptos de um e de outro clube, começaram a pensar nisso a sério. Mas tudo bem. Foi só o Sábado que trouxe os nervos efectivos e a impossibilidade de pensar noutra coisa que não fosse o minuto em que o árbitro iria dar início à partida.
Mas isso são os adeptos. Muitos dias antes, a Polícia há-de ter passado várias horas a definir estratégias de segurança, para os festejos que poderiam vir a acontecer lá para os lados do Marquês. Há-de ter posto de prevenção centenas de polícias, prontos para entrar em acção assim que o apito final soasse, e no marcador a Águia tivesse derrubado o Dragão. Ora, isso não aconteceu. E todo o trabalho de dias, e todos os Polícias de prevenção não serviram para nada. Apenas para contribuir para aumentar a coluna dos extras no orçamento de segurança da Câmara Municipal de Lisboa.

Mas o pior não foi isso. Foi o desalento. A tristeza. O desânimo de 6 milhões de pessoas (dizem). Só quem convive de perto com alguém verdadeiramente apaixonado por um clube, percebe o que isto é. Domingo e segunda foram para esquecer. E os níveis de produtividade devem ter estado muito por baixo.

Depressa chegou terça-feira. E a "chama imensa" reacendou-se na esperança da Europa. O sonho podia acontecer e já não se conseguia pensar noutra coisa. Quarta-feira então, era impossível. E das duas uma, ou se fez a viagem até à Holanda e o trabalho ficou para trás, ou se gastou parte do dia em telefonemas, combinações, picardias ou apostas. Produtividade, muito próxima do zero.
Embora o jogo tenha sido disputado lá longe, mais perto dos canais holandeses do que do leão que prometia homenagem à águia, a verdade é que, mais uma vez, se tivessem ganho o jogo, Lisboa teria assistido a uma verdadeira enchente lá para o centro da cidade. Centenas de polícias deverão ter estado, uma vez mais, de prevenção e terão certamente sido pagos por isso.

Mas o sonho não aconteceu. A tristeza e o desânimo voltaram. E mais um dia foi perdido. Ou na viagem de regresso, ou nas conversas sobre a razão para o sucedido.  Mais um dia de produtividade zero.

No próximo Domingo a coisa piora. Matematicamente tudo é ainda possível, o que significa que a festa tanto pode acontecer a Norte como a Sul. Ou se enchem os Aliados, ou se enche o Marquês. E isso obriga a duplicar o número de polícias disponíveís em ambos os locais. E a segunda-feira será, por uma razão ou por outra, parca em produtividade.

A semana irá passar, qualquer que seja o resultado, e mais um jogo decisivo. Final da Taça de Portugal. De novo o Benfica, de novo a Capital. De novo o Norte, agora ainda mais acima, no berço da nação. A mesma conversa sobre prevenção, policiamento e respectivo pagamento. Mais um Domingo, e a inevitável quebra de produtividade na segunda-feira. Uns pelo cansaço dos festejos, outros pela desilusão da derrota.

Ora, isto sai caro. Sai demasiado caro a um país que não tem nada para gastar. Sai caro a um país que discute a baixa das pensões - já de si baixas - daqueles que trabalharam toda a vida.

Mas que importa isso se o futebol é uma alegria? E anima o Povo! Viva o futebol!

E perante isto, eu acho que nós, Sportinguistas, que este ano nada contribuímos para isto, devíamos ter uma redução nos impostos. Na factura dos esgotos, ou assim. Eu acho!

quarta-feira, 15 de maio de 2013

da família, da amizade e do medo

Não soube o que escrever nas últimas três semanas. Abri, escrevi, apaguei e fechei a folha sem deixar nada registado.Tive medo de registar alguma coisa. De ter que reler o que tivesse escrito, se o final não fosse o melhor.
Andei (andámos) de coração nas mãos. E logo uma música ecoava na minha cabeça. Ai se ele cai /Vai-se partir/ Meu coração/ Vai-se partir.
Uma música. Há sempre uma música, não há? E donde veio esta há muitas outras, tantas outras. Dava por mim com o Cowboy a cantar. Diz que quem canta seus males espanta. Eu cantei muito. A Daniela chegou a perguntar-me "mas tu estiveste a noite toda a cantar baixinho?". Se calhar estive. Não sabia o que fazer.
Cantei. Em vez de rezar. Ouvia a melodia entoada pelos Pearl Jam no meu ouvido Yes I understand that every life must end. E aumentava de tom sempre que chegava ao I'm a lucky man to count on both hands the ones I love.
Há pessoas que são as nossas pessoas. Aquelas que estão sempre lá, quando nos partimos a rir e quando nos entregamos a chorar. Aquelas que trazemos dentro do peito a todas as horas. Aquelas que não são do nosso sangue, mas que nos correm nas veias. Aquelas que amamos, com nenhum outro objectivo, com nenhum outro propósito que não seja o de amar.
E logo outra canção surgia sem saber de onde, nem porquê, quer o destino que eu não creia no destino/ e o meu fado é não ter fado nenhum.
Tive medo. Tive tanto medo, como nunca antes. Talvez porque nunca me tivesse deparado com a possibilidade de perder alguém antes do tempo. Talvez porque não esteja preparada (nunca) para perder uma das minhas pessoas.
Sabemos, como os Pearl Jam, que tudo o que tem vida acaba um dia. E sabemos que isso nos vai doer. Mas quando o conceito se torna uma possibilidade real, perdemos o descernimento.
Mantivemo-nos juntos, de velinhas acesas. O optimismo e o ânimo de uns, acalentava a esperança dos outros.
A adversidade aproxima as pessoas, e faz perceber que, às vezes, damos importância a coisas que não têm importância nenhuma. E faz perceber quem é que está realmente connosco.
Hoje, que é dia da família, a Daniela disse que "A família é quem nos apoia quando estamos doentes". A Daniela já percebeu que a família não é só sangue a correr nas veias. É muito mais do que isso. Já percebeu que a amizade é acima de tudo amor, e que o amor é o mais importante desta vida. E também já percebeu que é na fragilidade que mais precisamos uns dos outros.
O caminho vislumbra-se longo e difícil. Mas cá estaremos para ajudar a torná-lo o menos penoso possível.
É por isso que somos uma família. Aquela, que não tendo o mesmo sangue, nos corre nas veias.