quinta-feira, 18 de outubro de 2012

chamar à pedra os culpados (porque responsabilidade é coisa que não se vê aqui)

Sou pessoa para querer sempre encontrar soluções e deixar de lado a procura incessante de culpados. Acho, regra geral, um enorme desperdício de tempo e energia, que pode ser canalizada para melhorar o que está mal de forma mais célere.
Mas tudo tem o seu limite.
Somos " um país de brandos costumes". Somos "um povo sereno". Até quando?
Começam a levantar-se ondas de extremismo, que temo que vão levar a resultados muito negativos para a sociedade e consequentemente para cada um de nós.
Nesta situação em particular, acredito que é tão importante encontrar culpados como é encontrar soluções. Mas não basta encontrar culpados. é preciso puni-los exemplarmente, de forma a que os que vêm a seguir pensem duas vezes antes de tentarem fazer igual.
Os responsáveis pela crise actual são todos os governantes que ao longo de 38 anos, acumularam má gestão, corrupção, roubo, interesses, lobbies e falta de respeito pelo povo que deviam defender.
Os responsáveis pela crise actual são todos os Presidentes da República que tivemos, todos os Primeiros-Ministros e todos os Ministros que nos andaram a governar (e a enganar) sempre com um sorriso na cara, defendendo a "liberdade" e a "democracia" com um sorriso que, vemos hoje, era hipócrita.
Não podemos continuar sem perguntar um a um, olhos nos olhos: o senhor não viu isto a acontecer? É que, se não viu, pode não ser um pulha, mas é sem sombra de dúvida um grande incompetente.
Chamemo-los pelos nomes. Chamemos à pedra o Sr. Cavaco Silva, o Sr. António Guterres, , o Sr. Duraõ Barroso e esse outro com nome de filósofo, e todos os outros antes destes e perguntemos-lhes directamente: o senhor andava à dormir, ou simplesmente andou-se a borrifar para as contas do Estado, para o buraco em que estávamos a entrar ano após ano e nada fez contra isso?
Quem tem a coragem para o fazer? Qual dos meios de comunicação tem coragem para chamar estes senhores para um debate e exigir-lhes explicações? Quem tem a coragem para lhes perguntar, olho no olho: o senhor serviu os interesses do Estado, ou serviu os seus próprios interesses? Quem tem tomates para ir a Paris e interromper o jogging do Sr. José Sócrates para lhe perguntar até quando vai ficar "exilado" a viver principescamente, sem mostras de qualquer remorso por ver um povo inteiro a penar quando tem os bolsos cheios do nosso dinheiro?
Infelizmente não sei qual é a solução para Portugal e para os Portugueses. Mas sei exactamente quem são os culpados. Sei como se chamam e é fácil saber onde moram. Aposto que há quem saiba os Bancos em que têm contas, em Portugal, ou no estrangeiro. Podíamos começar por ir buscar esse dinheiro e fazíamos as contas a partir daí!


quinta-feira, 9 de agosto de 2012

yes, i do

sexta-feira, 29 de junho de 2012

the world in color

quarta-feira, 25 de abril de 2012

sentado, à espera

À espera do dia em que, permanecendo o corpo,  o ar que o envolve deixará de ter importância.
Da hora, em que os poucos movimentos que ainda restam, deixarão de existir para sempre.
Em que ficará apenas a memória do que foi.
E a poltrona, ocupada durante meses por um corpo quase inerte, ficará vazia.

Resta pouco daquilo que conhecemos.

Os olhos estão naturalmente lá. Mas dentro têm tão pouco que é quase nada. 

Existem ainda as memórias. Ficando a dúvida se serão as memórias reais ou as imaginadas.
Realidades que não existindo, atraiçoaram a própria existência.

São praticamente 40 anos. Praticamente, porque falta muito pouco para que o sejam mesmo. Mas a contagem torna-se irrelevante, quando à história pouco mais haverá para acrescentar.

Apetece-me perguntar outra vez porquê. Mas teria como resposta as mesma duas palavras de antes: não sei. Em tempos o porquê teria sido uma libertação. Hoje não passaria de um capricho. E os caprichos, perante a perda da existência, revelam-se ainda mais insignificantes.

Pagamos, todos nós, em alguma altura, os nossos pecados. Mas haverá decerto preços demasiado altos. E este, há muito que ganhou contornos de castigo.

Sentado, à espera.

O que passará pela cabeça de alguém, que não tem mais por que ansiar do que o dia em que o fim pode ser o melhor dos desfechos?

E sabemos, sabemos com toda a certeza que fizemos sempre menos do que podíamos, demos sempre menos do que devíamos e perdoámos sempre menos do que sentíamos.

Sabemos sempre muitas coisas. Mas são sempre muito poucas as que chegamos a perceber realmente.





sexta-feira, 30 de março de 2012

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

para mais tarde recordar

Depois de uma noite mal dormida, entre nariz entupido, frio com a febre a subir, calor com a febre no auge e necessidade de companhia, acorda de manhã, faz-me uma festa na cara e diz:

"Mamã querida, que tratou de mim durante a noite!"


sem palavras

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pediatra: então vamos lá ouvir o coração a ver se tens namorado!

ela: não, não, eu não tenho namorado!

pediatra: não tens? vou ouvir.

ela: eu não tenho namorado!

pediatra: hummm, parece-me que é João.

ela: Joséééé!!!!

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E não bastava dizer-me que tenho uma "barriguinha gorda", agora descobriu também que eu tenho "uns risquinhos" ao pé dos olhos.... abençoada tinta para o cabelo, que me vai evitar o trauma de a ouvir dizer: "olha Mãe, tens um cabelo branco!"

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

mãe, apenas isso

Não terei sempre razão. Não penses que sim porque não é verdade.

Vou ter tendência para acreditar que eu é que estou certa, porque sou mais velha e porque já vivi mais. Mas não é necessariamente assim. É verdade que a experiência nos ensina e que, nesse sentido, estarei sempre um (muitos!) passo à frente. Mas o que vivi foi sempre diferente e, por isso, terás também uma palavra a dizer, uma razão que não é a minha e que poderá ser igualmente válida.

Não quero que cresças a fazer o que achas que os outros querem que faças. Cometi esse erro e só eu sei o que isso me custou. O que perdi com isso. O que guardei só para mim. O que tive (tenho) que sentir para ultrapassar esse auto-aprisionamento. Acreditas se te disser que só agora estou a aprender a fazê-lo?

Quero que expresses sempre o que gostarias que fosse. Que digas o que realmente sentes. Eu direi o que sinto e penso. E partiremos daí para encontrar o caminho.

Muitas vezes terei que ser implacável. E outras tantas serei injusta. Mas nunca deliberadamente. Farei sempre o que acreditar seriamente que será o melhor. E nem sempre terei razão.

Sim, quero proteger-te de todos os males e quero evitar que te aproximes de todos os perigos. Todas as Mães o querem.

Mas quero ser mais que isso. Quero dar-te a autonomia que precisas para não precisares de mim. Porque só assim me irás procurar com vontade de me ouvir e não com receio do que terei para dizer.

Tenho, eu própria, que ganhar coragem para fazer como os pássaros e atirar-te do ninho para aprenderes a voar. Assim farei sempre que a oportunidade surgir. Como agora.

Vai. Quero que vás e vivas e sejas feliz e te sintas segura na tua pele.

Eu estarei aqui. Irei aparecer quando menos esperares mas quando mais precisares. E, se em alguma altura não aparecer, desculpa. Não foi de propósito. Apenas não tive a capacidade para ler todos os sinais. Afinal, sou apenas tua Mãe. E isso por vezes,é muito limitador.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

para além de mim

Parece que foi ontem. E foi. Num ontem há cinco anos.
E ao mesmo tempo parece que foi sempre assim. Que estiveste sempre cá.

Às vezes não me lembro bem de como era antes.
De como preenchia as minhas horas e como compunha os meus dias.

Às vezes praguejo por falta de tempo para mim. Por falta de liberdade de movimentos. Daqueles movimentos decididos no momento. E depois fico sem saber o que fazer aos minutos em que não te tenho por perto.

Não consigo muito bem descrever os sentimentos.
Acho que devia dizer coisas como foi o dia mais feliz da minha vida, amei-te no segundo em te vi, chorei de alegria.

A verdade é que quando te vi já te conhecia. Quanto te toquei foi como se já te tivesse sentido. Conhecia-te a respiração e os gemidos como se sempre os tivesse ouvido.
Senti que voltaste, não que chegaste.

Estranho, eu sei. Mas é essa a verdade.

Se calhar somos todas assim. Sentimos antes de vocês sentirem. Sabemos antes de vocês saberem.
Ou pelo menos acreditamos que é assim.

Tinhas um plano para os teus cinco anos. Eu sei. Não correu bem. Correrá no dia em que estiveres pronta. Será sempre assim. Estarei ao teu lado. Sempre. Incondicionalmente.

Podia dizer que te amo, mas o que sinto não cabe numa palavra. Nem num milhão de palavras. E por isso digo-te muitas vezes, para que na soma dos dias se perceba a dimensão.

Se um dia eu tivesse sonhado uma filha, ela não seria metade da doçura que tu és, não me teria dado metade da maturidade, da tolerância, do optimismo e da esperança que me dás.

Talvez um dia venhas a perceber esta forma de amar. Amar só porque sim. Amar com o corpo, com a alma, com o coração e ainda assim não ter espaço suficiente para amar tanto.

Parabéns filha! Que as tuas gargalhadas ecoem para lá do tempo.