segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

quando uma vida cabe em quatro anos

maos

As mãos são pequeninas. Como toda ela é ainda pequenina. Custa no entanto a crer o quanto cresceu. E como cresceu depressa!

Da bebé que cabia na minha barriga já resta tão pouco, que tenho dificuldade em lembrar-me como era. Sei que quando a vi pela primeira vez, tive a sensação que a conhecia desde sempre. A partir daquele momento, ela dependeria de mim durante um longo tempo e isso não era – estranhamente - assustador.

Pensava que era arrogância quando me diziam ” vais ver, parece que fizeste aquilo a vida toda”. Mas não era arrogância. Era a mais pura das verdades. O instinto é poderoso e ensina-nos o que fazer.

Não gosto de clichés. Lembro-me de, dois dias depois dela nascer, ter dado entrada no meu quarto uma rapariga que tinha encontrado nas urgências no dia em que ela nasceu. Dois dias depois! Dois dias em que andou entre a casa e o hospital, em que passou por horas de trabalho de parto para depois fazer cesariana. Dois dias de sofrimento. E o que ela disse foi: mas valeu a pena! E disse-o apenas e só porque era suposto que o dissesse. Poucas são as pessoas que se atrevem a assumir o “outro lado” da maternidade.

Alguém teve a coragem de me dizer o que ninguém diz: não penses que ela nasce e começas logo a gostar muito dela. O amor vem com o tempo. E é verdade. Eu não digo que não se ame assim que nasce. O que nós não sabemos é que esse amor vai crescer de tal maneira, que olhando para trás, parece que não era nada. Naquela altura, não sabemos que não há limites para esse amor.

Todos os dias me orgulho das suas conquistas. E todos os dias sei que um dia terei que a deixar voar.

Todos os dias me surpreendo com as suas capacidades. E todos os dias me pergunto se estarei à altura para a acompanhar.

Sei que não sou, nem nunca serei a Mãe perfeita. Mas sei também que faço todos os dias o que acredito ser melhor e deixo-me muitas vezes guiar pelo instinto, que tenho vindo a perceber que é muitas vezes o melhor conselheiro.

Nesta aventura sem espaço para experiências, vamos os três aprendendo a ser a cada dia um bocadinho melhores: melhor Mãe, melhor Pai, melhor filha.

Todas as noites, quando a vou deitar, penso em como a vida é um verdadeiro milagre. Em como é poderosa a capacidade de gerarmos em nós um outro ser. Todas as noites, quando lhe digo o quanto gosto dela – até ao Céu e até ao tecto - penso que ela só irá perceber como esse amor é grande, quando ela própria for Mãe. Como aconteceu comigo.

Em quatro anos de vida cabe hoje a vida toda dela. E nos seus quatro anos de vida cabe a parte da minha vida que faz mais sentido.

A vida é um verdadeiro milagre.

2 comentários:

  1. Parabéns miúdas! Mãe e filha :-) Bem, e pai também!

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  2. quando iniciei a leitura do teu texto pensei: podia ser escrito por outra qualquer pessoa, mas á medida q o fui lendo essa ideia ficou para tras e encontrei nele um bocadinho de mim e de ti o que faz de nós pessoas parecidas quando falamos das nossas filhas e de nós mesmas. porque afinal nao se ama assim tanto quando elas nascem mas á medida que vamos crescendo passo a passo com elas! sem duvida que a vida é um milagre e é ainda maior quando somos maes q amamos mas que somos amadas, dizes que não és a melhor mae do mundo? achas que não as crianças não mentem e a daniela tal como a beatriz nao mentem por isso somos sem duvida as melhores maes do mundo e sabes porque? simplesmente porque temos a capacidade de amar tanto tanto tanto que atá doi, verdade? eu senti que a minha vida podia ter fugido por entre os dedos tal como a agua ou a areia fina que se nos escapa por entre os dedos e desde esse dia sei que sou um ser melhor, mas sem duvida que o melhor de mim são os meus filhos tal como o melhor de ti é a daniela e só por isso somos as melhores maes do mundo! hoje ainda nao te disse mas amo-te muito! beijinhos e felicidas. filipa

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