Nada como o 1º dia de Verão para tomar posse!
Não que o vosso Verão vá ser de papo para o ar nas belas praias portuguesas. Nada disso! Se não nos falharem, acabarão este Verão sem vislumbre de bronze na pele e a diminuir o IVA dos ares condicionados, tal a importância que lhes vão atribuir!
Mas o 1º dia de Verão tem sempre a beleza do 1º dia de Verão e vários começos ao mesmo tempo só pode ser um bom presságio.
É que este 1º dia de Verão traz-nos o 1º dia de um novo Governo;
O novo Governo traz-nos os ministros mais jovens de sempre;
E o Parlamento traz-nos a 1ª mulher como Presidente da Assembleia da República (não que eu seja feminista, que não sou, mas vivemos num País onde por vezes -ainda -se dá mais valor ao género do que ao mérito).
E a nova Presidente da Assembleia da República é transmontana, onde estou hoje por mero acaso!
Ora, tudo isto junto não pode ser coincidência!
Acredito sinceramente que vamos entrar num novo ciclo, que as mentalidades estão a mudar e as vontades a crescer.
Acredito quando o Primeiro-Ministro diz que não vai invocar os erros do passado para tomar as medidas que precisam de ser tomadas.
Sei que os tempos serão difíceis (mais para uns do que para outros, isso é certo!), mas acredito que vamos ultrapassar este mau bocado e que vamos orgulhar-nos do País que somos!
E acredito, acima de tudo, que as Senhoras e os Senhores Membros do Governo também acreditam.
Assim não me (nos) falhem.
terça-feira, 21 de junho de 2011
terça-feira, 14 de junho de 2011
viagens na minha terra
O primeiro taxista adormeceu num sinal vermelho.
O segundo taxista tossiu o caminho todo.
O terceiro taxista não se calou um minuto. Entre muitas coisas, disse que já tinha pensado comprar um GPS, mas que tinha experimentado um e “se não se tivesse posto fino” – foi esta a expressão –” tinha entrado por uma garagem adentro!” E eu lá concordei. Tenho as minhas próprias histórias com GPS’s.
Na viagem de comboio ía uma senhora – que pela voz eu diria que era um homem- que no mais puro sotaque do Norte falava com a Leninha sobre o “Batizo” do dia a seguir. Que sim, que ía comprar alguma coisa para a menina em seu nome. Sim, que veria qualquer coisinha de prata. “E bê lá que me disse que já tem lá um Libro de Presenças. Vai barão, que ali não falta nada!” E depois lá falhava a rede. “Tôou?! Leninha? Então? Sim, sim, vou lebar a minha máquina fotográfica, mas de certeza que vai lá haber fotógrafo que depois à noite deve pendurar as fotografias. Vê lá que são mais de 100 pessoas! Tanta gente! Mas já se sabe, ali é assim! E já têm libro de presenças. Ali não falta nada!” Que ela própria ainda tinha o livro de presenças do seu casamento, há mais de 40 anos, E lá falhava a rede outra vez:” Tôou?! Leninha?”
De regresso, agora no Expresso, senta-se ao meu lado um homem pouco mais velho que eu. A conversa é feita com auricular, o que permite aos vizinhos do lado ouvirem claramente o seu teor. Comecei por pensar que era um marido amoroso. Preocupado. A ementa lá de casa seria esparguete à bolonhesa e algo estaria complicado:”sim, estou bem, mas sabes como é, tenho a cabeça cheia, sempre a trabalhar, não pára. E tu conseguiste descansar?”
De seguida foi a vez de falar com o amigo Zé Manel, “já estás na Costa?”, “sim, claro, mas eu não sou um galifão como tu”, “eh pá, isso era giro, mas não me posso comprometer que isto está mal de massas”, “tás maluco, não, não posso”, “olha vê lá isso, faz lá contas e para a semana logo decido. Pedes duas credenciais se eu depois não poder ir paciência”, “pois não sei, a Cristina está de folga Domingo e Segunda”.
Mais alguns kms e de volta ao telefonema inicial, “o Zé Manel passou a semana a chatear-me para ir lá. Aquilo é sempre muito giro, está o Zé Manel e a mulher, mais os sogros, os pais e dois casais amigos. A Mãe dele também falou comigo a perguntar-me, então se tu não vens quem é que faz a sangria? vamos para o ano não é? vamos os dois para o ano? sim, sim isso parece-me giro, vou contigo claro que sim. e depois para o ano vamos os dois a casa do Zé Manel, queres? até tenho que ligar à Susana, a Susana é a mulher do Zé Manel, que também me ligou a perguntar se eu não ía. é que a Susana não sabe de nós, sabe que me estou a separar, mas não sabe de nós”.
E pronto, lá ficou percebido. Do outro lado não estava a mulher, mas a namorada. E no meio uma separação. E ele estava mortinho por ir a casa do Zé Manel passar os Santos, como aliás era hábito. E o que ele não disse era que queria muito ir a casa do Zé Manel. encontrar as pessoas de sempre, num ambiente de sempre. Ele não disse directamente, mas deu a entender muitas vezes. Havia aliás o problema da sangria! Ele não disse que no meio da confusão da sua vida, lhe apetecia ir para um porto seguro, onde tudo era igual ao que sempre tinha sido. Queria ir onde se sentisse desejado, onde a Mãe do Zé Manel lhe desse aquela palmadinha no rosto, onde talvez depois de uma cerveja a mais pudesse até falar deles à Susana. Dizer-lhe que havia uma outra pessoa na sua vida. Ganhar o seu aval, quem sabe ouvir “então porque é que não a trouxeste?”. Nestas coisas já se sabe, o consentimento das mulheres dos amigos resolve tudo.
E ela do outro lado, que não percebeu ou não quis perceber, não deu importância à conversa, arranjou um plano alternativo, talvez com medo que a festa de sempre lhe trouxesse outras memórias e algumas saudades da vida que não era a dela.
Ela não percebeu que nós somos como as árvores e morremos se não tivermos raízes.
Ele não disse. E ela não percebeu.
O resto da viagem fez-de de phones nos ouvidos. Não fosse alguém estar mal da garganta, ter problemas com GPS’s, querer falar com a Leninha sobre o baptizado ou ter problemas de relacionamentos para resolver.
O segundo taxista tossiu o caminho todo.
O terceiro taxista não se calou um minuto. Entre muitas coisas, disse que já tinha pensado comprar um GPS, mas que tinha experimentado um e “se não se tivesse posto fino” – foi esta a expressão –” tinha entrado por uma garagem adentro!” E eu lá concordei. Tenho as minhas próprias histórias com GPS’s.
Na viagem de comboio ía uma senhora – que pela voz eu diria que era um homem- que no mais puro sotaque do Norte falava com a Leninha sobre o “Batizo” do dia a seguir. Que sim, que ía comprar alguma coisa para a menina em seu nome. Sim, que veria qualquer coisinha de prata. “E bê lá que me disse que já tem lá um Libro de Presenças. Vai barão, que ali não falta nada!” E depois lá falhava a rede. “Tôou?! Leninha? Então? Sim, sim, vou lebar a minha máquina fotográfica, mas de certeza que vai lá haber fotógrafo que depois à noite deve pendurar as fotografias. Vê lá que são mais de 100 pessoas! Tanta gente! Mas já se sabe, ali é assim! E já têm libro de presenças. Ali não falta nada!” Que ela própria ainda tinha o livro de presenças do seu casamento, há mais de 40 anos, E lá falhava a rede outra vez:” Tôou?! Leninha?”
De regresso, agora no Expresso, senta-se ao meu lado um homem pouco mais velho que eu. A conversa é feita com auricular, o que permite aos vizinhos do lado ouvirem claramente o seu teor. Comecei por pensar que era um marido amoroso. Preocupado. A ementa lá de casa seria esparguete à bolonhesa e algo estaria complicado:”sim, estou bem, mas sabes como é, tenho a cabeça cheia, sempre a trabalhar, não pára. E tu conseguiste descansar?”
De seguida foi a vez de falar com o amigo Zé Manel, “já estás na Costa?”, “sim, claro, mas eu não sou um galifão como tu”, “eh pá, isso era giro, mas não me posso comprometer que isto está mal de massas”, “tás maluco, não, não posso”, “olha vê lá isso, faz lá contas e para a semana logo decido. Pedes duas credenciais se eu depois não poder ir paciência”, “pois não sei, a Cristina está de folga Domingo e Segunda”.
Mais alguns kms e de volta ao telefonema inicial, “o Zé Manel passou a semana a chatear-me para ir lá. Aquilo é sempre muito giro, está o Zé Manel e a mulher, mais os sogros, os pais e dois casais amigos. A Mãe dele também falou comigo a perguntar-me, então se tu não vens quem é que faz a sangria? vamos para o ano não é? vamos os dois para o ano? sim, sim isso parece-me giro, vou contigo claro que sim. e depois para o ano vamos os dois a casa do Zé Manel, queres? até tenho que ligar à Susana, a Susana é a mulher do Zé Manel, que também me ligou a perguntar se eu não ía. é que a Susana não sabe de nós, sabe que me estou a separar, mas não sabe de nós”.
E pronto, lá ficou percebido. Do outro lado não estava a mulher, mas a namorada. E no meio uma separação. E ele estava mortinho por ir a casa do Zé Manel passar os Santos, como aliás era hábito. E o que ele não disse era que queria muito ir a casa do Zé Manel. encontrar as pessoas de sempre, num ambiente de sempre. Ele não disse directamente, mas deu a entender muitas vezes. Havia aliás o problema da sangria! Ele não disse que no meio da confusão da sua vida, lhe apetecia ir para um porto seguro, onde tudo era igual ao que sempre tinha sido. Queria ir onde se sentisse desejado, onde a Mãe do Zé Manel lhe desse aquela palmadinha no rosto, onde talvez depois de uma cerveja a mais pudesse até falar deles à Susana. Dizer-lhe que havia uma outra pessoa na sua vida. Ganhar o seu aval, quem sabe ouvir “então porque é que não a trouxeste?”. Nestas coisas já se sabe, o consentimento das mulheres dos amigos resolve tudo.
E ela do outro lado, que não percebeu ou não quis perceber, não deu importância à conversa, arranjou um plano alternativo, talvez com medo que a festa de sempre lhe trouxesse outras memórias e algumas saudades da vida que não era a dela.
Ela não percebeu que nós somos como as árvores e morremos se não tivermos raízes.
Ele não disse. E ela não percebeu.
O resto da viagem fez-de de phones nos ouvidos. Não fosse alguém estar mal da garganta, ter problemas com GPS’s, querer falar com a Leninha sobre o baptizado ou ter problemas de relacionamentos para resolver.
terça-feira, 7 de junho de 2011
do que ficou e do que aí vem
Fica um dos melhores discursos de José Sócrates, que na partida não conseguiu esconder os olhos que riam e brilhavam de contentamento por se ver livre deste fardo.
Fica um novo Primeiro-Ministro que começa o seu discurso com "Boas Noites" e isso é muito assustador.
Fica um Vice-Primeiro-Ministro que, no seu tom paternalista de sempre, nos diz "nada de euforias que amanhã é dia de trabalho", como quem diz: tudo prá caminha, vá.
Fica uma esquerda que não sabe bem como fica.
E fica um deputado do Partido dos Animais e da Natureza.
Só resta saber como é que nós todos (os que lá foram votar que os outros não merecem nada) vamos ficar...
Fica um novo Primeiro-Ministro que começa o seu discurso com "Boas Noites" e isso é muito assustador.
Fica um Vice-Primeiro-Ministro que, no seu tom paternalista de sempre, nos diz "nada de euforias que amanhã é dia de trabalho", como quem diz: tudo prá caminha, vá.
Fica uma esquerda que não sabe bem como fica.
E fica um deputado do Partido dos Animais e da Natureza.
Só resta saber como é que nós todos (os que lá foram votar que os outros não merecem nada) vamos ficar...
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