sexta-feira, 27 de maio de 2011

no país do "vai-se andando"

Há uma expressão tipicamente portuguesa que consegue eriçar-me os pêlos do corpo, e que me dá vontade de iniciar um longo discurso sobre a razão pela qual Portugal aparece sempre no fim de todos os rankings: vai-se andando!

Vai-se andando é assim como quem diz resignei-me à minha condição (seja ela qual for) e não estou a fazer nada para melhorar isso. E isso é coisa para me deixar nervosa.

Na verdade, quando alguém nos pergunta como está? ou tudo bem?, das duas uma: ou é mesmo alguém que sabemos que se interessa e aí optamos por dizer- ou não- a verdade, ou é uma pergunta da praxe onde a resposta só pode ser uma: está tudo bem, obrigada!

O vai-se andando tem muito a ver com a nossa cultura do Fado, com o enraizado pessimismo português, com a nossa constante vitimização das cirscunstâncias, com a capacidade que temos para apontar todos os problemas mas não sermos capazes de propor soluções.

De que nos adianta responder vai-se andando se na realidade a outra pessoa nao quer mesmo saber e nós não queremos mesmo dizer?
Porque razão queremos dar a entender à outra pessoa que não, não estamos bem, mas também não vamos falar do assunto?
Se é para não falar, para quê lançar a questão?



E porque razão não dizemos convictamente que sim, que estamos bem, na esperança de, de tantas vezes o dizermos, passar a ser verdade?




1 comentário:

  1. e eu que digo tanta vez "vai-se andando", aliás ate gosto mais de dizer "vai-se andando com a cabeça entre as orelhas..." tal como a música do Sérgio Godinho!
    Depois de ler este post vou tentar alterar este meu hábito!

    ResponderEliminar