Chegámos. Sãos e salvos.
Quando iniciámos esta viagem, há quase 365 dias, não sabíamos bem onde este comboio nos levaria, nem sequer as paragens que faria. É assim esta jornada ciclicamente renovada. Uma incógnita.
Somos hoje os mesmos na nossa essência, mas não seremos necessariamente iguais ao que éramos antes. Depois do que rimos e chorámos, dos medos que tivemos, dos sucessos alcançados, das angústias por que teremos passado, seremos necessariamente um pouco diferentes. Mais sábios. Mais fortes. Mais seguros.
Tivemos acidentes pelo caminho. Acidentes que marcaram alguns na carne e muitos na alma. Agradecemos ao destino, a Deus ou à sorte - sei lá! - o facto de sermos, nesta recta final, os mesmos que éramos no início da viagem. Essa é, só por si, uma enorma dádiva que agradeço todos os dias.
E entre família e amigos, não só não perdemos ninguém, como ganhámos um novo passageiro. Que tomou como sua uma família que, não lhe pertencendo por biologia, lhe passou a pertencer por amor.
Nesta inevitável esperança renovada de que a próxima viagem será melhor que a anterior, entramos todos novamente. Cada um no seu lugar cativo. Disposto a acompanhar o outro. A parar, a acelerar consoante for preciso. A partilhar a paisagem. A dividir a vida.
De todas as coisas que posso desejar para esta nova viagem, desejo acima de tudo poder escrever o mesmo daqui a 365 dias: Chegámos. Sãos e salvos.